domingo, 29 de julho de 2007

Rebeldia Nacional


Por Vilauba Herrera


No dia 26 deste mês, três dias atrás, Cuba comemorou o dia da Rebeldia Nacional.
Quando soube disso, me assustei. Como o país que mais enraivece os Estados Unidos, pode comemorar uma data com essa palavra, rebeldia.


Será que não tem medo de tomar bombas na cabeça. Uma nova invasão dos porcos na baía.
A comemoração da Rebeldia Nacional é uma homenagem ao ataque ao Quartel Moncada, em julho de 1953.


A operação foi liderada por Fidel e Raúl Castro e é considerada a primeira ação armada da guerrilha contra a ditadura de Fulgencio Batista.


A imprensa lembra (com mais ênfase) que a data marca também, a última aparição de Fidel, como presidente da ilha.


Não daremos bola para isso. Fidel é representante fundamental e líder nato. Mas o importante é que a rebeldia continua em Cuba. E é isso que ele quer.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Antropofagia da Democracia

Por men3skptus

Ontem comi um anteprojeto de lei
Saboroso e indigesto como a democracia
Farei um lobby estomacal pela autarquia
Para limpar minha boca nas barbas do rei

Aguardo, sorrateiro, o desjejum da burocracia
Para falar livremente com demagogia
Só me calo com o guardanapo executivo
E os processos lavatórios do legislativo

Uma máquina de lavar processos relativos
Limpa o fim de semana de recessos retroativos
Na Piscina, os trampolins de falcatruas eleitorais.
Esqueçam os dias de cão, só lembrem dos carnavais!

Ao digerir informações sem freios
Perco o controle dos fins e dos meios
Em um penico de ética desigual
Defeco um projeto inconstitucional

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Poema Fonema

Por Vilauba Herrera

Não fazia parte do esquema.
Seu lema era um dilema.
Amava Helena, que era plena.
Mas e Jurema com cheiro de alfazema?
Resolveu por fim no coração com força extrema.
Enforcou Helena, esfaqueou Jurema.
Trabalho feito no dia. De noite, pegou cinema.
Semana depois, bateu a culpa. Sem saída,
entregou-se à Justiça, abraçou a algema.
No julgamento não teve chance e perdeu
o lance com a corte suprema.
Fora do sistema. 15 anos de cela, daquelas
que não falta gente que esprema.
Em um pedaço gasto de papel
desenhou uma trema.
Ia contar uma história de paixão,
chavão para o seu velho tema.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Ensino Virtual

Por Vilauba Herrera

A novidade das universidades brasileiras é o quase velho Second Life, a comunidade virtual, em que as pessoas tentam ser o que não conseguem aqui. Tradicionais e não tradicionais academias abriram suas sedes no mundo "internético": Mackenzie, Anhembi-Morumbi são as pioneiras.
Nada estranho, já que estas Universidades são particulares e, pelo menos, na superfície, gozam de boa renda e lucros exorbitantes, com suas gordas mensalidades. A faculdade presbiteriana, por exemplo, não pára de ampliar seus tentáculos. A sede está localizada em um quarteirão de Higienópolis, mas já está também na rua da Consolação.

Mas ai que vem a piada. A Universidade de São Paulo, a celebrada USP, recém saída de uma grande crise, que culminou em ocupação por estudantes, greve e o escambau, também pretende ter sua sede no Second Life.

Engraçado, né? A maior universidade da América Latina está sucateada por anos de Governo FHC/LULA , mas pretende realizar ensino à distância pela comunidade virtual. Será que lá os professores receberão aumento? Os laboratórios serão de última geração? Os alunos vão matar as aulas jogando Fifa Soccer?

A PUC São Paulo, inundada por dívidas que acarretou uma série de demissões de professores também vai para o Second Life. Ah, e eles prometem corrigir as lições na mesma hora. Que beleza, heim?

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Segue a história...

por Vilauba Herrera

Morreu mais um safardana
Que por anos dominou
Passou muitos dias na cama
e nunca mais voltou

A comemoração foi discreta
parecido com uma eleição indireta
que um dia ele organizou

Seus sócios anunciaram tristes
o fim de mais uma gestão
Enalteceram a pessoa
o político, herói e cidadão

Quando a festa começava, porém
um aviso chegou ao país, do além
para acabar com toda a confusão

Antes de bater as botas, o coronel astuto
deixou em testamento seu ar impoluto
e escalou seu filho para seguir na missão

Novo som dos químicos


por Vilauba Herrera


We are the night é um disco urbano. Mas The chemical brothers não dedica-se apenas aos suados amantes dos clubes noturnos e suas luzes estroboscópicas e bate-estacas alucinantes. O convite a noite já está na capa do álbum azulado, que te olha. Mas não é só isso...


No sexto álbum da dupla, os ingleses Tom Rowlands e Ed Simons utilizam linguagem retrô para oferecer uma nova série de experiências sonoras para a cena eletrônica.


Em "We are...", os ingleses, pioneiros do big beat diminuíram o peso e a velocidade de suas batidas, que marcaram o grupo desde Exit Planet Dust (1995), primeira produção com o nome The Chemical Brothers.


Em seu lugar, Rowlands e Simons esbanjam psicodelia com hip hop, rock inglês com electro house. No meio de tudo isso, muitas distorções, sintetizadores, teclados, e vozes magnéticas. É um disco de barulhinhos, frases e experimentos muito bem pensados.


Aos que desconfiam do novo som químico; Das Spiegel, Battle Scars, Do it again...

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Novas versões

por Vilauba Herrera


Imagens do circuito de câmeras do aeroporto de Congonhas, cedidos a Globo (sempre ela), mostram que o Airbus A-320, da TAM aterrissou na pista acima da velocidade. O presidente da Infraero, José Carlos Pereira, garantiu que a pista sem grooving não foi culpada pelo maior acidente aéreo do planeta dos últimos cinco anos.

Erro do piloto, ou falha da máquina, os motivos não anulam as críticas e opiniões do comentário feito ontem.
Aguardaremos as investigações. Como estamos aguardando até hoje, a conclusão do caso Gol.

O governo está com medo de ser acusado exclusivamente pelo acidente. Alguma culpa ele já sabe que possui.

ps: Por que a caixa preta do avião será analisada nos EUA, se os pilotos falavam português?

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Não falta só grooving

por Vilauba Herrera

"Mesmo sem ter o grooving, a pista poderá operar normalmente. O grooving começa a ser feito em 30 dias no período da madrugada, para não prejudicar a operação. Para fazer ranhuras, é preciso esperar o tempo de cura do pavimento. Isso já estava previsto no cornograma e já foi acordado com o Ministério Público", disse o superintendente da regional sudeste da Infraero, Edgar Brandão Filho, no dia 29/6/07.

No dia 16/7/07, uma avião da companhia Pantanal, derrapou na pista principal e sem grooving do Aeroporto de Congonhas.

Os ginásios, arenas e estádios do Pan-Americano do Rio de Janeiro continuam cheios. Dizem que é um sucesso de público. Por que eles são brasileiros com muito orgulho e com muito amor.
Hoje, dia 18/7/07, um dia após o maior desastre aéreo do país, as homenagens são feitas com pedaços de pano preto amarrados aos uniformes amarelos. A bandeira da pátria ferida também está de luto. Mas quando a câmera da globo te fima, enquanto boceja na partida de softbol, você grita, pula, faz caras e caretas e manda beijos para sua família e amigos, ao melhor estilo BBB.

Quando a Justiça proibiu pousos e decolagens de alguns modelos de avião, em Congonhas, entre janeiro e fevereiro deste ano, as empresas aéreas (TAM, Gol, Ocean Air ...) forçaram o fim da liminar, para não perder clientes e os lucros.

Quando a pista principal de Congonhas foi interditada para reformas, a imprensa preferiu manter uma cobertura high society e deu enfoque nas filas e atrasos causados pelas obras na pista do aeroporto mais movimentado do Brasil.

Em nenhum momento, a grande imprensa procurou mostrar algum especialista para que ele explicasse a importância de um trabalho bem feito nas pistas de Congonhas. A cobertura foi feita para mostrar a revolta da classe média e da elite brasileira, nervosa por ter que esperar horas para viajar ao nordeste, ou passar férias em Paris.

A Infraero gastou cerca de R$ 189 milhões na reforma do aeroporto de Congonhas, que agora possui muito mais vagas para os carros, mais salas de embarque e desembarque e conforto para os usuários. A reforma foi feita em meio a discussão sobre a possibilidade de tirar o aeroporto da área central da cidade. Custaria mais mesmo.

O presidente Lula pediu uma investigação rigorosa e rápida para saber as causas do acidente com o Airbus A 320 da TAM. Não me lembro de Lula ter pedido rigor na reforma das pistas do aeroporto. Nenhuma medida concreta foi tomada desde o acidente com o avião da Gol, no fim do ano passado. Na verdade, os problemas foram desmascarados com aquela tragédia.

Lula mantém a cultura brasileira de só resolver o problema, quando a tragédia acontece. Nessa questão, nem após os acidentes, ele resolveu. Lula não consegue manter o país da mesma forma que pegou. Mas gaba-se por ter aumentado o poder de compra dos cidadãos. Poder entrar em crediários mais vezes não transforma um país para melhor. Os banqueiros (corruptos), empresários (corruptos), políticos (corruptos) sabem disso e comemoram.

Os estádios de futebol não enchem mais. O carnaval daqui a pouco perde a graça. A classe média um dia deixa de ser média e vai para as ruas junto com o povo, que também deixará de ser médio.

Não será para comemorar...

sábado, 14 de julho de 2007

Relações preguiçosas e perigosas

Vilauba Herrera

Por preguiça ou imposição a imprensa insiste em criar fatos e associá-los a quem não concorda com ela, ou não dá bola para seus editorias. Na sexta-feira, dia 13 de julho, os Racionais Mc´s fizeram um show em uma casa noturna da zona Oeste da capital paulista.
Não entro em detalhes sobre o show. O quarteto mostrou profissionalismo e qualidade diante de um público estranho, que pagou R$ 60 para assisti-los.
Tudo normal, até a imprensa manifestar-se sobre o evento. No site G1, da Globo, uma matéria afirma, corretamente, que não houve incidentes durante o show dos Racionais. Porém, no mesmo parágrafo, a matéria desfere: "...o grupo de rap Racionais MC’s deixou definitivamente para trás o quebra-quebra armado em seu último grande show, há dois meses, na Praça da Sé."
O show não era dos Racionais, mas sim a Virada Cultural, projeto da Prefeitura, que contou com diversas apresentações pela cidade. A confusão começou antes do grupo subir no palco.
Quem esteve lá, sabe disso. Quem esteve lá sabe que a Globo tentou, usando uma menina ex-viciada em crack, como boi de piranha, falar com Mano Brown. Não teve sucesso.
Quem trabalha ou lê veículos populares sabe que para chamar atenção do público, relações "criativas" são inventadas.

sábado, 7 de julho de 2007

Live Earth revolucionário?

por Vilauba Herrera

Sábado, dia 7 de julho (7) de 2007. Em diversas capitais do mundo, centenas de artistas e estrelas da música fazem shows para o evento chamado Live Earth. Segundo seus organizadores, entre eles, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, as apresentações têm o objetivo de promover a conscientização sobre o aquecimento global.

Al Gore tem feito sucesso em sua "luta" contra a poluição. Mas admitiu, no início do ano, que em sua mansão no Tenesse, gasta-se mais luz em um mês, do que a média anual dos norte-americanos.

O sucesso é tanto, que o influente político, ganhador de um Oscar, conseguiu reunir uma quantidade inigualável de celebridades da música pop para cantar em prol da ecologia.
Madonna, Linkin Park, Black Eye Peas, Shakira, Snoop Dog, Lenny Kravitz e até a Xuxa, cantaram para pedir ao povo que apague a luz ao sair da sala, desligue a torradeira depois de esquentar o pão e não deixe o carregador do celular na tomada o dia todo.

Ele conseguiu também o patrocínio da Pepsi, da MSN (Bill Gates) e da ambientalista fabrica de automóveis, DaimlerChrysler, que já esteve entre os 10 maiores contaminadores de água no Brasil.

Com tanta influência. Me pergunto por que Al Gore, o líder ecológico do momento, não conseguiu fazer Bush Junior assinar o protocolo de Kioto. Também poderia ter feito uma força para que os oito maiores poluidores do mundo realmente diminuissem as emissões de gases de efeito estufa, e não aceitassem somente em "investir em tecnologias limpas".

Também não escutei até agora, ninguém falando em controle de natalidade, diminuição dos lucros das empresas para melhor divisão com os trabalhadores, sanções para países poluidores ...

Será que a Madonna tira a tomada da televisão, antes de dormir? E a Xuxa? heim?

sexta-feira, 6 de julho de 2007

sobre The Mix-up - Beastie Boys

por Sérgio Carvalho e Vilauba Herrera

Esqueça as vozes estridentes e anasaladas como em "Fight for your right", "Sabotage" e "Body Movin". Você também não vai escutar samples, scratches, letras irônicas e bem humoradas. Você não vai escutar letra alguma. Mesmo assim, The Mix-up é uma (boa) pedrada nos ouvidos.

O mais novo disco do Beastie Boys, um dos mais importantes nomes da história rap, mostra o trio Ad-Rock (Adam Horovitz), Mike D (Michael Diamond) e MCA (Adam Yauch), desfilando suas referências, antigas e atuais, distantes do Hip Hop. Com os parceiros de sempre, Money Mark (Mark Nishita) nos teclados e Alfredo Ortiz, na percussão, o grupo faz uma verdadeira viagem sonora em uma sessão totalmente descontraída, cheias de improvisos.

A idéia de um disco instrumental não é nova. Em 1996 eles lançaram "The In Sound from Way Out", uma coletânea de faixas instrumentais que sempre apareciam em seus discos. Mas fique tranquilo, "The Mix" não parece "The In Sound nº2". É atual e tem até um pouco de música brasileira no sangue. "Suco de Tangerina", foi escrita quando o grupo passou pelo Brasil, ano passado. Som instrumental, sem palavras, mas que consegue tocar a fundo no bom gosto.