sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Qualquer troco, 20

por Vilauba Herrera


Agulha no ponto, esquenta uma água. Bota a cabeça para observar.
Fica entre as idéias e o pé dos sonhos, é só não desesperar.

Atente para os detalhes.

Aqueles muitos que nossa preguiça não nos deixa encostar.


Contra-tu

por Vilauba Herrera

Tava trabalhando quando travei.
Foi um tanto de dente para lá.
Um tanto, que de tonto e de
tédio eu não partia.

Trouxe tudo a todo custo.
Nem te deixei tranquilizar

Tossi troças, patas, cacos,
latas, ratos, até que atacado,
senti.

Trata agora de trotar para frente.
Não te transforma em tarde e mente.

Toda trama tem sua toada.
Mete a testa na tela, aponta
para outra rota e toma conta
da teia.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Transporte público é uma piada


por Vilauba Herrera


A notícia não é nova, mas problemas velhos continuam problemas.


O prefeito Gilberto kassab (DEM), eleito pelo....PSDB, aprovou a lei que estampa diversas marcas de grandes corporações, com sorrisos brancos de globais e modelos peitudas e musculosos.

Pela concessão do espaço, "o governo estima que possa arrecadar até R$ 150 milhões por ano", diz matéria da Folha de S.Paulo, que emenda, "Kassab afirmou que o dinheiro será usado para começar a enterrar fios e cabos."


Mas por que Kassab não coloca outra coisa no ponto de ônibus. As linhas que passam no local e seus respectivos horários.


Por que Kassab, que chamou um de vagabundo, na frente das câmeras, não peita os empresários do transporte?? Pode ser em reunião fechada, mesmo. Exige que os caras cumpram o horário, que os ônibus tenham conforto, que os motoristas não corram, que repassem os lucros aos funcionários das viações.....


Enterrar fios e cabos é fácil. Eu quero ver é enterrar os desmandos e a falta de caráter desses comerciantes, que agora querem, com a aprovação da prefeitura, diminuir o número de bancos nos ônibus. A população vai pagar R$ 2,30 para ficar em pé durante 1h, espremidos, até chegar aos seus trabalhos.


Ah, mas tem o bilhete único...

sábado, 24 de novembro de 2007

Moda da novela não muda

por Vilauba Herrera

Admito, já fui um noveleiro. Acompanhava as peripécias nada criativas dos heróis, apesar de preferir os coadjuvantes engraçados, meio amalucados. Mas faz alguns anos que estou "limpo". larguei essa vida. E mais, passei a ser um militante faminto por justiça. Morte às novelas, o ópio do povo.

E uma das coisas que mais me deixa com vontade de quebrar a televisão são as chamadas tendências que as produções novelísticas criam. Se não me engano, lembro de uma novela. Já não assistia, mas fugir de rodinhas que conversam sobre o tema é utopia. Voltando. Lembro de uma novela em que a atriz Cláudia Abreu interpretava uma mulher que sempre estava com vestidos. Sempre!!! vestidos das mais variadas cores, bordados, tamanhos, sei lá. Mas ela só usava vestido.

Pronto. Virou moda. O comércio de vestidos aumentou 30%, os donos de shoppings, os lojistas pulavam de alegria, davam entrevista, iam aos programas mostrar as novas coleções. As revistas de corte e costura publicavam: "Com apenas R$20, faça um vestido igual ao de fulana (a Cláudia Abreu)."

Me recordo também da moda lançada por Reynaldo Gianechinni. Em seu primeiro papel na TV, não lembro em qual novela, o modelo/ator usava um penteado que revolucionou a cabeça dos brasileiros, mesmo os que não tinham/têm o cabelo minimamente parecido com o de Giane.

Até hoje, o cabelinho penteado para frente, com um topete fingindo que é sem querer, domina a cabeça da população nacional. isso já faz alguns anos. Acho que veio para ficar.

Na última novela das 8, "Paraíso Tropical", a estupenda Camila Pitanga foi Bebel, puta ao estilo Júlia Roberts, em "Uma linda mulher". A morena causou comoção nos homens e nas mulheres, com suas roupas sensuais. As lojas pipocaram. Luciana Gimenez, da outra emissora, levou uma dúzia de estilistas que desenhavam a roupa que Bebel desfilava pelas ruas da zona sul.

Agora, a moda é pole dance, que foi trazida para o mundo global pela atriz Flávia Alessandra, eleita a nova Bebel, mas na novela Duas Caras, que substituiu "Patropi". Pole dance é aquela dança que as strippers fazem naquela barra de metal.

A moda já pegou. Após Flávia Alessandra exibir tudo que aprendeu com sua professora alexandra Valença, anônimas desse nosso Brasil já abandonaram as academias e as aulas de bolero, para aprender a arte da dança sensual e até reconquistar seus maridos e amantes.

Tudo muito bacana. Mas a pergunta que fica é? Quando uma novela vai lançar a moda de não jogar lixo pelas ruas? Quando a Suzana Vieira vai ser modelo para aquelas mulheres que se recusam a deixar a merda de seus cachorros pelas vias públicas? Quando veremos uma matéria no site do G1, informando que devido ao herói da novela das 8, as pessoas deixaram de furar filas nos bancos, no metrô, passaram a ler um livro por mês...etc

Não se esqueçam que as redes de televisão são concessões. Elas devem satisfação a nós, ao estado. Temos o direito e o dever de fiscalizar o que essas empresas colocam nas caixas quadradas hipnotizantes. Esse papo de "se não quiser ver, mude de canal, ou desligue a TV", é no mínimo tendencioso e apavorante.

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Jornalirismo 3

Por Vilauba Herrera

Menina de 15 anos fica presa um mês em cela masculina
Bolsa do Japão sofre queda de 0,25% e desmonta Bovespa
Madeleine não está no Marrocos, avisa polícia londrina
Baguete com diamanantes é a novidade do planeta

Filha de Madonna pode trabalhar em comédia pastelão
Renan renova licença e avisa que volta no carnaval
Trânsito de 250km pára São Paulo antes do feriadão
Na Cashemira, 10mil morrem com terremoto e vendaval

Enquanto isso, Willian Bonner e Fátima Bernardes mostram sua nova casa
Boninho ensina como arremessar ovos pela sacada de Ipanema
Glória Maria vira capa de revista, enquanto a notícia fica guardada

No país, onde a informação é controlada por Bispo e empresário
Big Brother é revolução, Veja e novela determinam o valor do capital
Trabalhador vira deliquente e artista de propaganda, herói nacional

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Troféu Cara de Pau

por Vilauba Herrera

O troféu vai para o deputado Paulo Maluf, do Partido Progressista. O imortal e personagem histórico da política brasileira, demonstra que é um gênio do marketing próprio.

Em anúncio do seu partido, que reúne a nata da direita decadente e agressiva das terras tupiniquins, Maluf declara que a descoberta do campo de petróleo Tupi, pelo governo brasileiro, já tinha sido feita por ele, no fim da década de 70, quando era governador biônico de São Paulo.

Em 1979, Maluf e seu governo, apoiado pela ditadura, criou o consórcio Paulipetro para explorar petróleo no Estado. Mas o político não avisa que a Paulipetro, que causou um rombo nas contas do estado, abriu diversos buracos, na tentativa de encontrar "texas tea", no interior de São Paulo, e não lá no meio do mar, na bacia de Santos.

Senhor Paulo Maluf, o senhor está faltando com a verdade!!!!!!!! (Há uns 40 anos!!)

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Jornalirismo 2

por Vilauba Herrera

(das antigas)

Por favor, me digam onde é o buraco
que eu pulo e acabo com isso, emplaco
Apuro esquema, qualquer problema, ataco
Piso na lama de sapato branco, cato cavaco

Por favor, vou para a jaula dos leões, desatraco
Aguento tonelada, toco, chato e cheiro de sovaco
Ligo para Deus, Rá. Deixo recado até para rei polaco
Vou para a área, volto. Visado, me transformo em velhaco

Mas quando chega a hora do fechamento derradeiro
E vem o desespero, troco tudo, chamo o frei de cachaceiro
Idéias se escondem nas gavetas, inspiração cai do desfiladeiro

E preencho os espaços brancos entre mil cores de uma propaganda
A notícia legendada fica ali, tímida, ao lado de um duplex com varanda
E no bar em frente, xingo a verdade pra mostrar quem é que manda

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Baseado em fatos reais

por Vilauba Herrera

Academia, 11h da manhã, terça-feira. Lamentava por não ter trazido o tocador de música, companheiro das caminhadas por São Paulo. Música de academia é de doer. Carregava uma anilha (aqueles pesos em formato redondo), quando passei a lamentar o fato de a dance music que estalava nas caixas de som, não estalar mais, naquele momento.

O papo começou assim:

- Cara, abriram uma nova Bio ritmo, ali na (rua) Cerro Corá. Ela está linda, meu!!!!, disse um que carregava alguns pesos nos braços.
- Po, a Bio ritmo é demais, mesmo. mas nenhuma supera a Runner!!!
- É mesmo, a Runner é foda. O Souza do São Paulo (FC), vai lá só para jogar Futevôlei. O negócio é um clube.

Essa foi a introdução. Continua.

- Eu fiz a prova para entrar lá na Runner. Putz, foi difícil. Tirei 10 na prova prática. Precisava de 7 na teórica. Mas tirei 6. cara, a prova é tão difícil, que tinha até duas perguntas de conhecimentos gerais.
- É mesmo? Quais eram? Perguntou o terceiro integrante da cena.
- Uma perguntava quais eram os estados do centro-oeste. É Goiânia, Mato Grosso e Tocantins, né?
- É, acho que é sim. E qual era a outra?
- Era sobre o Renan Celheiros, sei lá o nome do cara. Perguntava de qual cargo ele tinha sido afastado. Você sabe?
- Da presidência da Câmara, né.
- Então, complicado, tem que estar ligado nas coisas, ler jornal. Eu, às vezes, vejo na TV alguma coisa.
- Ah, eu tenho que saber dessas coisas, por que sou advogado, né? Minha profissão.

...

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Bradesco lucra, mas desconta

por Vilauba Herrera

E o Bradesco, maior instituição privada do Brasil, apresentou seus lucros entre janeiro a setembro de 2007. A bagatela de R$ 5,817 bilhões. Um crescimento de 73,6% em relação ao ano passado. De acordo com o Sindicato dos Bancários do Estado de São Paulo, o motivo do salto nas contas da empresa, foi o aumento da carteira de crédito. Mais 27% em relação a 2006.
Isso quer dizer que enquanto você se endivida para financiar o seu Palio 1000, o Banco Brasileiro de Descontos, fundado em 1943, na cidade de Marília, vai enchendo os bolsos.

"O aumento do lucro do banco é reflexo do empenho e da dedicação dos funcionários que têm se desdobrado para superar o sufoco nas agências e departamentos decorrente das condições inadequadas de trabalho e da falta de pessoal", diz, no site do Sindicato, a secretária-geral Juvandia Moreira.

A afirmação de Juvandia condiz com o que vejo na "firma" onde trabalho. Parceira do Bradesco, a empresa possui uma pequena agência em suas dependências. Quem trabalha lá, com carteira assinada, é obrigado a ter uma conta no Banco dos Descontos.

A agência está sempre cheia. Muitos funcionários organizando suas vidas; empréstimos, financiamentos, planos de previdência e o escambau.

Mas quando a agência esvazia, o Bradescão não pára. Rapidamente, como se estivessem passaeando e revendo amigos e colegas de trabalho, funcionários (as) do banco adentram as salas para bater papo e... oferecer "mais um empréstimo com juros baixos", "Ei, não é você que fez um empréstimo comigo mês passado, não quer fazer outro?" e sorri, alegre, enquanto um funcionário envergonhado responde com uma esticada de lábios. São os planos e metas da empresa. Quem conseguir mais reféns, ops, clientes, leva no final do mês. É uma empresa justa.

Mas não é bem assim. "Os bancários merecem ser valorizados por todo esse esforço, com o Bradesco atendendo às reivindicações específicas que encaminhamos à empresa, como o auxílio-educação aos funcionários". Sim, a secretária-geral do Sindicato revela. O Bradesco e seus mais de R$ 5 bilhões, não dá apoio financeiro aos seus funcionários para que paguem a educação dos filhos.

O Banco dos Descontos, ao invés de investir na educação, prefere gastar um caraminguá no programa estorno zero. Esse sistema ameaça os caixas que erram nas operações, de demissão.

Sim, o banco não paga o ensino, mas pune quem erra, talvez pela falta de ensino. E assim , o Bradesco vai descontando em seus clientes e funcionários, enquanto goza os frutos de um trabalho voltado ao desenvolvimento do país.