por Vilauba Herrera
Paul McCartney e Ringo Star foram convidados pelo governo israelense para participar da comemoração do 60º aniversário do país, a ser comemorado em maio deste ano. Além do convite, foi junto um pedido de desculpas pela proibição, em 1965, da visita dos Beatles ao estado judeu. A pedido de perdão foi estendido para os familiares de John Lennon e George Harrison.
Na época, a alegação usada pelos políticos foi que que um show da banda que revolucinou a música mundial, poderia "perverter" a juventude israelense.
Um trecho da carta-desculpa diz: "Infelizmente, o Estado de Israel cancelou a apresentação no país devido à falta de orçamento e porque vários políticos do Knesset (o Parlamento israelense) acreditavam, na época, que sua apresentação poderia corromper as mentes da juventude israelense."
Sim, os Beatles ajudaram a subverter a mente de milhões de jovens ao redor do mundo. A carta tem toda razão.
"A Hard Days Night", "Revolver", Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band e "Abbey Road", foram alguns dos discos que fizeram a cabeça da juventude. Essa juventude que lutou para tentar acabar com a filosofia bélica dos países dominantes, com as ordens obsoletas da igreja e do mercado.
O movimento foi derrotado, como é sabido. No entanto, centelhas de resistência ainda queimam mundo à fora. Sorte a nossa.
Com certeza essas centelhas existem também em Israel. No entanto, durante os 43 anos que separam a censura e o pedido de desculpas, o governo israelense demonstrou a ausência de influência da geração Rock/hippie/soul/black/freedom, na qual os garotos de Liverpool possuem grande importância.
Assassinato de milhares de Palestinos, invasão e roubo das terras dos palestinos, a recusa de um debate sobre a criação de um estado palestino e até a criação de um muro que separa os israelenses dos palestinos, bem ao estilo dos muros construídos nos guetos da Alemanha nazista.
Não, o estado de Israel não merece a presença e muito menos um show dos últimos integrantes dos Beatles. É uma questão de bom senso, de justiça e de solidariedade com um povo que é, há dezenas de anos, massacrado por este país financiado pelo dinheiro, pelas armas e pela crença daqueles que impediram a tentativa de um novo jeito de ver o sol nascer.