Estava
descalço pelas ruas nevadas de Londres com meus irmãos. Daí
acordei na frente de um hotel, ao lado de uma obra de viaduto e com
os pés gelados de frio no ônibus, em Jaipur. Eram 7h da manhã. O
ônibus andou mais uma centena de metros e parou de vez, do outro
lado da obra do viaduto. O motorista me explicou onde era a estação
de trem. A de ônibus eu sabia, não sei como, mas sabia.
Cheguei
no terminal ferroviário e uma funcionária me disse que para
turistas, os bilhetes eram vendidos em outro lugar. Dei meia volta e
segui para a rodoviária de Sindh Kamp. No final do viaduto, olho à
esquerda e vejo Tony's Guest House. Me lembrei do suiço tagarela em
Pushkar falando sobre o lugar. Decidi que ia até a rodoviária ver
preços e horários para Agra e voltaria para um café no Guest
House.
Ônibus
de meia em meia hora a 200 rúpias. Beleza. Voltei ao Tony's. Subi as
escadas, falei com o funcionário na entrada e observei os primeiros
metros do lugar. Muitas fotos, recados de hóspedes de todo o mundo,
maioria orientais, um pôster do Bob Marley e plantas, muitas. Subi
as escadas para o terraço. E quem encontro? Pascal, o tagarela.
Conversamos
e fui apresentado ao Tony, o dono. Figura de barba branca de fala
mansa e que me lembra alguém que não me lembro quem.
Uma
suiça e um japonês sentaram a mesa e contiuamos o papo. Chai e
tostex de queijo e tomates. Enquanto isso, olhava ao redor. Muitas
plantas, passáros, redes, desenhos na parede, dois pezinhos da erva
santa em meio aos outros vasos. Do jeito hippie que gosto. - Tony,
você tem um quarto vago?
É,
decidi ficar um dia ali. Seria melhor do que gastar mais em Agra.
Sabia que era uma cidade mais cara e pelos relatos, só o Taj Mahal
salva.
Tratei
de arrumar a mala mais uma vez, usar bem a internet e papear no
melhor lugar de Jaipur, o terraço do Guest House. Entre alguns copos
de chai e fumaça, o dia passou com assuntos que variaram desde a
política social do Japão, passando pelas bizarrices do Berlusconi,
a seleção brasileira e a Copa de 2014 e sobre uma possibilidade de
travessia do atlântico via Espanha e de graça. No meio disso,
almocei um bonito arroz com um mix de vegetais no curry.
Se
o papo rendeu de dia, à noite não pensei em conversas. Desci e
comi uns salgados que parecem samosas e um doce. Comprei umas frutas
e voltei ao Guest House. Na chegada, Tony me convidou para o jantar.
Não recusei. Após um Dal de Espinafre feito no forno de barro (no
terraço) com chapatis, deitei na rede mais distante da turma e dormi
por algum tempo. Só acordei para descer até meu quarto. O outro dia
ia começar antes das 7h.
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