Em
frente ao Victoria Memorial, palácio com uma leve aparência de
Congresso Norte Americano, ao lado do Maidan Parque, com jardim e
lagos ao melhor estilo europeu, uma escultura de Aurobindo, um dos
heróis da independência. É a provocação indiana, com sutileza.
Dentro
do memorial, fotos, objetos, documentos, livros, pinturas e outros
artefatos sobre o período inglês e a reconquista da independência
indiana. As armas expostas fazem lembrar que não foi um processo
tranquilo como parece no discurso da rainha Vitória, nas paredes do
prédio.
Nas
paredes da Catedral de Saint Paul's (sim, eles fizeram uma aqui
também), lápides recordam colonizadores mortos am terra indiana.
Revoltas, emboscadas e outros tipos de mortes violentas estão
descritas abaixo dos nomes. A Saint Paul de Kolkata é gratuita e
possui um esquema engenhoso de ventiladores, que por meio de canos,
descem pelo teto até chegar próximo às cabeças dos fieis.
Não
visitava um planetário desde a época de escola. E depois de
conhecer o Birla planetarium, em Kolkata, pensei se as escolas ainda
levam os alunos para esses passeios. É fascinante. E acho que
dependendo da pessoa, pode ser desesperador. Outro motivo para
conhecer.
O
Birla tem sessões de meia hora em inglês, Hindi e Bengali, o
dialeto falado na região. Um busto de Yuri Gagarin em frente ao
planetário, em funcionamento desde 1962, lembra quem ganhou a
corrida. A máquina de lentes e luzes usada foi feita na Alemanha,
pela Carl and Zeiss.
Kolkata
é a cidade mais ocidental da India, segundo quem conhece bem. Mas
mesmo para um novato é fácil perceber isso. Além da influência
inglesa, existe uma forte presença muçulmana, visível no comércio
e claro, nos rosto das pessoas: homens com suas longas barbas e seus
turbantes ou tarbushs e mulheres com véus e seus rostos escondidos.
No
Millenium Park, um grupo de pequenas praças tristes em frente ao rio
Hooghly, casais namoram sentados ao pé das árvores. Outros, nos
bancos de frente ao rio. Muitos usam guarda-chuvas para evitar o sol
e a curiosidade alheia. Poucos se beijam e quando o fazem, atraem
olhares. Meninas e meninos andam em grupos separados. Existe pouca
interação. Na India, amigos andam de mãos dadas e mulheres evitam
olho no olho.
Em
Kalinghat, o templo de Kali é uma das principais atrações. Sendo
assim, um enorme comércio foi instalado ao redor e também dentro do
templo. O bairro em volta é pobre e colorido. Ali está a casa onde
morou Madre Tereza.
Kali
é a deusa da morte e da destruição. Em um dos locais, animais,
principalmente cabritos, são sacrificados. O sangue escorre pelo
chão. Um jovem que nega ser guia, me guia pelo local. Filas se
formam para pedir e agradecer à deusa. Sinos badalam para Kali
ouvir. O guia dá duas voltas no mesmo local e repete as mesmas
frases decoradas. Um grupo de moradores de rua é alimentado ao lado.
Prefiro ir embora e o guia só aceita meu dinheiro longe do templo,
na hipocrisia religiosa. E aceita de cara amarrada. Queria mais.
Duas
ruas depois do templo, ser turista é uma atração. As pessoas param
para me olhar fotografando. Um homem se aproxima e me explica o
cartaz para onde a lente aponta. É um chamado para uma manifestação
do partido comunista da India, que, segundo ele, é o maior do país.
Explica que manifestações como essa podem ter 400 mil pessoas.
Bem
menor, foi a manifestação que vi em uma das ruas do centro, numa
espécie de 25 de março com Santa Ifigênia. Algumas dezenas de
homens gritavam palavras de protesto (em Hindi), empunhavam bandeiras
do país e um deles, com os cabelos pintados de acajur, era celebrado
a cada frase.
A polícia aguardava. Já tinham delimitado o espaço.
Se avançassem dali...
Me
aproximei para fotografar e logo um dos manifestantes se empolgou e
esticou uma faixa na minha direção. Protestavam contra a violência
policial.
Um
minuto depois, outro quis saber se eu era da imprensa e quando disse
que não, o tempo fechou e outros gritavam para eu parar de
fotografar.
No
caminho, reparei que as bicicletas rickshaws não são populares. Em
seu lugar, homens carregam pessoas com suas pernas, sem ajuda de
rodas ou motor. Kolkata também possui train, o bonde moderno.
2 comentários:
Queria fotos dos canos ventiladores da Saint Paul...
hahahaha, não sei se tirei fotos. Ja era noite, tava meio escuro e a igreja fechando..
Postar um comentário