domingo, 5 de agosto de 2007

"Vão brincar na p..." - um conto popular


Adaptação Vilauba Herrera

Em uma redação de um jornal, os direitos trabalhistas eram mais maleáveis que uma folha de papel e os funcionários viviam sob o mal-humor e frustrações da chefia.

Era um dia comum, os funcionários produziam. Computadores ligados. Bocejos, televisões ligadas em diferentes canais produziam um zumbido estranho, mas comum naquele ambiente de silêncio extinto.

Era para ser uma noite comum. Porém, em meio a rotina entediante, sacrificante daquele lugar, uma simples brincadeira poderia causar risadas tranquilizadores para alguns, como também choros raivosos e extravagantes em outros. E foi isso que aconteceu.

Gritos de um lado, gargalhadas contidas em outro, soluços, correria, ameaças. Até a periodicidade do jornal foi posta em xeque, devido aquela pequena peça armada para deixar o ambiente mais agradável.

Mas a balbúrdia não seria tolerada.
A cúpula reuniu-se na sala principal. Gestos exaltados, mãos na cabeça, risos contidos, sinais de negação, fim. A decisão estava tomada. Editores foram chamados e entraram aos poucos na pequena sala da direção.

- Entrem.

Todos estavam calados, cabeças abaixadas, olhando para dois dos chefes do Periódico. O esporro começou, sem meias palavras. A dupla-chefe revezava-se nas palavras.

Cicrano - Aqui nao é lugar de brincadeira.
Fulano - Sim, acabou a graça, agora é só na seriedade.
Cicrano - É.
Cicrano - Quer brincar, vão brincar na puta que pariu...
Cicrano - Aqui não.
Fulano - Sim, quer ir para a puta que pariu brincar, use suas férias para isso...
Fulano - AQUI Não!!!
Cicrano - Quer ir pra puta que pariu brincar, use as folgas que nós não damos a vocês.
Fulano - Quer ir para a puta que pariu brincar, use seu salário. Aqui nós só bancamos para vocês se foderem. Se foder sim, ir para a puta que pariu, daí não.
Cicrano - Só pode ir pra puta que pariu se não for pra brincar...
Cicrano - Vai só se for pra se foder.
Fulano - Para se foder, nós damos uma requisição até, mas tem que ir com fotógrafo!!
Cicrano - Porque vocês sao abusados até na hora de se foder...
Cicrano - Usam as requisições pra ir em outros lugares, tipo pra puta que pariu.
Fulano - Isso é um absurdo, Se foder é coisa séria, ir para a puta que o pariu, não.
Cicrano - Ir pra puta que pariu é coisa de quem so quer saber de brincar...
Cicrano - E eu ja falei que aqui nao é lugar de brincar...
Cicrano - Só se for de boneca.

Obs: A história toda parece absurda, não, ela é absurda. Mas é baseada em fatos reais ( e surreais, diziam alguns contemporâneos do ocorrido)

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Estamos seguros, fiquem tranquilos



Por Vilauba Herrera

E o site sensacionalista G1, da multiimperial Globo, anuncia: 300 homens ocupam a Rocinha desde a manhã desta quinta-feira, 2/8/07. De acordo com informações da própria "corporação" (eles gostam de usar este nome, é forte), seis pessoas foram presas e 20, vejam só, 20 motos foram apreendidas. Ah, maconha e armas também.


Vamos aos criminosos:
de acordo com o site, o primeiro detido é chamado de TH e já foi para o xilindró por tráfico de drogas. O segundo meliante afirmou, no momento do enquadro, que não é marginal. Não interessa, pelo menos para o site e pela polícia. Foi preso e acabou. Quem tem que provar que não é bandido é ele.


O terceiro, dizem que é irmão de um traficante. Claro, quem é irmão de traficante, traficante é, não é mesmo? Será que ele tinha dólares na cueca, ou será que fazia ameaças usando o nome do irmão?


O quarto safardana estava em uma moto roubada. E ele declarou, "Se eu soubesse que a moto era roubada, não passaria no meio da batida." Perdeu, mermão, já era, foi para a gaiola.


O quinto estava com rádio transmissores, armas de destruição em massa. O sexto é acusado pela tropa de ser o chefe da quadrilha de ladrões de motos. Boa, cortaram o mal pela raiz.


Ufa, nossa força policial está nas ruas, podemos ficar tranquilos.