quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Documentários, comentários...



por Vilauba Herrera

Para quem gosta de documentários, as dicas são "Grass" e "Meu melhor inimigo", feitos, coincidentemente, no ano de 1999.

"Meu melhor inimigo" é um filme onde o cineasta alemão Werner Herzog conta a sua relação fora do comum com o ator Klaus Kinski. Completamente visceral, temperamental, agressivo, vaidoso, surpreendente, Kinski era quase indirigível. Quase, pois Werner Herzog o dirigiu em cinco filmes: Aguirre (1972), Woyzeck (1979), Nosferatu (1979), Fitzcarraldo (1982) e Cobra Verde (1987).
O filme tem imagens fantásticas de bastidores e mostram o ator, nascido na polônia, tendo reações coléricas, brigando com colegas de filmagens, com espectadores e com seu melhor inimigo, Herzog, é claro.


No segundo, o diretor Ron Mann conta a saga da canabis Sativa nos Estados Unidos. O filme, de 1999 e com narração do ator Woody Harrelson, é um espetáculo de imagens antigas, que mostram a guerra fascista dos estadunidenses contra a erva e, principalmente, algumas minorias que a rodeavam. Mexicanos, comunistas, artistas e indivíduos um pouco mais, digamos, progressistas, eram e são perseguidos pelo governo. O filme mostra a série de mentiras inescrupulosas, das mais elaboradas até as mais chinfrins, propagadas pelo Tio Sam. Mas "Grass" também mostra o quanto (nós, terra brasilis) estamos atrasados em relação a qualquer tipo de discussão sobre legalização das "drogas", mudança de costumes, moral e preconceitos. Bem atrasados.

(valeu Serjoto, valeu Xulas)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O inferno são os outros

Ia cair o mundo e ele eu disse: - Mundo, não caia! eu tô mandando!!
Daí ele ficou paradinho da silva.


foto: Dubem

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O tempo e o carro

por Vilauba Herrera

Entrei no carro com sono e sem vontade para papo. Já estava assim desde o baseado que tinha fumado no final do expediente, a cerveja com dois pedaços de pizza e a falta de paciência para interagir com os caretas.

Eram em quatro, contando com o motorista, que logo ao sair da garagem, acelerou, trocou rapidamente as marchas e disparou pela rua vazia e molhada e amarela. No banco do co-piloto, sem movimentar o pescoço, olhei para o motorista, que fungava e passava a mão no nariz, como se quisesse arrancá-lo. Tranquilizei-me. - O cara cheirou, então não me venham com encheção, falar que eu estou alterado.

Tentei puxar uma conversa, fiz uns comentários, mas não houve muita resposta. No banco de trás, um estava tão chapado quanto eu. O outro, puto. deveria estar com pressa e eu pedi para jantar no bar. - Porra, dois contra um, democracia. Espera um pouco.

Pensava ali, enquanto o carro mil cilindradas atravessava o centro da cidade em alta velocidade, o pessoal no banco de trás deve ter percebido que o motorista está doidão, um dos motivos de estar tirando tudo o que pode do automóvel. - Será que eles perceberam?

Uma freada e o carro parou, uns 3cm de outro automóvel. Sem perceber, a dúvida pela percepção alheia foi substituída por outra. - Será que esse cara vai bater essa merda desse carro?
Nem pensei em colocar a mão no puta que pariu. Sob o efeito do ragga, o medo fica somente na mente.

O parceiro do beque, da breja e da pizza foi o primeiro a deixar o foguete. Outra tentativa de diálogo, ou triálogo. Diplomacia com o cara bravo. Sem sucesso. Só umas quatro frases com o motora, que entrou em uma rua fechada pelo CET, com um amarelinho olhando. - Deveriam ter fechado a rua, como vou saber? - questionou o estriquinado.

Pronto, o mala, quer dizer, o outro cara foi deixado em seu destino. Pronto, só faltava um, deve ter pensado o condutor, que acelerou um pouco mais.
O silêncio dentro do automóvel, que deslizava (mesmo!!) pelo asfalto molhado, fez minha tese sobre o ragga ir por água abaixo. Me segurei no banco e sentia minha cara fazer caretas por baixo da roupa de pele e barba.
Por meio de telepatia, tentava me comunicar com a alma do motorista. - Vai mais devagar, cara. Não precisa ter pressa, estou na boa.

Não sabia mais o que fazer, estava tão agitado quanto o farofeiro do motora. E o carro parou, de supetão. Estava em frente a minha casa. Agradeci e desci do carro em 2seg. Abri o portão e corri para dentro. Excomunguei o inventor do automóvel ( Ford FDP!!!), os pilotos de F1 (não esqueci de você, Nelsinho) e todos estes playboys que preferem pegar no câmbio do que numa bunda.
- Da próxima vez, não fumo. Tomo um lexotan. E salve a bicicleta e os motoristas caretas!!!!!!!!

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Meu 1º aviãozinho

por Vilauba Herrera


Nelson Angelo Piquet, o Nelsinho Piquet, nasceu na cidade de Heidelberg, em julho de 1985. É filho do ex-piloto Nelson Piquet, tri-campeão de Fórmula 1.

Nos últimos dias, o piloto de 22 anos, recém-contratado pela Renault, equipe da F1, viveu um momento emocionante.

Nelsinho ganhou o seu primeiro avião, um "simpático" Citation Mustang, no valor de aproximadamente US$ 2,650 milhões. Agora, ele poderá se "deslocar sem embaraço entre uma corrida e outra na Europa", diz o release.
Parabéns, Nelsinho. Depois de anos de trabalho árduo pelas pistas européias, comendo o pão que o diabo amassou, você ganha o seu merecido avião. E o primeiro avião, a gente nunca esquece.



fotos: Juca Fernandes

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Notas sobre o Carnaval

por Vilauba Herrera

Bahia

- Assistindo ao carnaval do nordeste, sábado, transmitido pela Bandeirantes, pude notar como os trios elétricos estão altos. Imaginei como está difícil para o pessoal da pipoca e até mesmo dos abadás, ver seus ídolos da axé music. E então, rapidamente, percebi o motivo do crescimento dos automóveis musicais. proximidade com os camarotes e com as câmeras de TV. Com a pouca variedade de canais, pois não tenho canal a cabo, fiquei um bom tempo vendo Daniela Mercury e Ivete Sangalo cantando e interagindo com as celebridades, os endinherados, os políticos e os apresentadores da Band, enquanto cantavam, é claro. Mas e o povaréu lá embaixo? Lembro que quando passei um carnaval em Salvador, acho que em 2002, os artistas faziam a festa com os foliões, os turistas do abadá (aquele pessoal que fica do lado de dentro da corda, com camisetas de cores chamativas e que não precisam se enturmar com os locais) e o pessoal da pipoca, os locais e mais alguns milhares de foliões animados, mas sem grana)

- A tese de que existe um movimento que pretende deixar os foliões do chão cada vez mais figurantes da festa foi confirmada hoje (05/02/08). Em matéria do Estadão, a chamada diz "Blocos abandonam circuito mais tradicional de Salvador". Na capital baiana existem dois circuitos carnavalescos. Um é o Campo Grande (Osmar), onde tudo começou. O outro é o Barra-Ondina (Dodô), que é menor, passa na orla de Salvador e ‘por isso, mais recheado de turistas-abadás. A matéria revela que o pioneiro no "abandono" ao Osmar foi o grupo Asa de Águia, que nos meus tempos de carnaval regado à axé music, era o grupo preferido dos paulistas viciados em abadás. A reportagem também avisa que o Chiclete com Banana, outro grupo tradicional, já prepara sua despedida do carnaval "baiano", para se dedicar totalmente ao circuito abadás-camarotes-Bandfolia e afins.

- Será que daqui a pouco, o carnaval baiano será como um especial do Robertão? Em um teatro fechado, com os maiores cantores de axé da face da terra cantando somente para os atores-modelos-políticos-e outros tipos de celebridades, escolhidas a dedo?

- Restará ao povão e até ao pessoal do abadá, reiventar um jeito de pular carnaval pelas ruas da capital baiana. Talvez assim, voltem a ser protagonistas do dito maior carnaval do mundo.

Rio

- E a proibição do carro sobre o Holocausto, da Viradouro? Até quando a justiça será conivente com o looby judeu , para que nada seja debatido e mostrado sobre parte de sua história. O tema (muito criativo) da escola de samba carioca para 2008 é o Arrepio, que de várias formas, pode atingir o homem. O carro alegórico exibia diversas escultura de corpos nus e mortos e um folião, fantasiado de Hitler, estaria também na alegoria. A escola rebateu a liminar, da juíza Juliana Kalichsztein (sobrenome judeu), e desfilou com o carro coberto por pano branco e com dezenas de pessoas com as bocas amordaçadas, simbolizando a falta de liberdade de expressão. Em seu despacho, a juíza declarou que o carnaval não é um espaço ideal para a discussão sobre "as bárbaries do holocausto".

- Talvez para a juíza Kalichsztein, carnaval seja somente época para cantar músicas com refrões de duplo sentido e usar pouca roupa.
Mas lembro que uma das escolas deste ano, fez um carro alegórico lembrando a zona norte do Rio, suas casas simples (favelas também), o trem entupido de gente e tudo mais...

- Juíza Kalichsztein, no carnaval pode-se discutir os problemas sociais enfrentados pelos milhões de brasileiros há anos, décadas, séculos?

- Isso me lembra o carnaval dos esfarrapados, de Joãozinho Trinta, ainda na Beija-Flor, no final da década de 80. Genial!!!!!