segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Camadas

por Vilauba Herrera

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Presença

por Vilauba Herrera


Sabotage, ou Mauro Mateus dos Santos, é uma daquelas figuras que partiram e lamentamos não tê-las conhecido pessoalmente.
Zanone Fraissat o conheceu e, além disso, tem sua marca em um dos grandes discos da música brasileira, "O Rap é compromisso". Uma das obras de Zanone é esta ai em cima.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mera semelhança

por Vilauba Herrera


"Mas é preciso entender que esta não é uma situação normal. É uma situação de exceção, e para lidar com ela precisamos tomar medidas de exceção."

Quem disse isso não foi Jarbas Passarinho, no dia da instauração do AI5, em 1968. Foi Roger Agnelli, presidente da Vale, em entrevista ao Estadão. A Vale é uma das maiores mineradoras do mundo. Ela era do Brasil e graças ao FHC, agora é do Agnelli e de alguns acionistas por ai.

Agnelli, diz que "o governo e os sindicatos precisam se convencer da necessidade de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas: suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim, em caráter temporário", claro.

O CEO (é assim?) diz até que aceitaria diminuir o próprio salário. Bacana ele, né? Cortar a própria carne. Só que ele não diz que carne não falta em sua geladeira, que ele pode ficar sem salário durante décadas, pois "quando cheguei à Vale, ela era a oitava empresa do mundo no setor de mineração. Hoje, é a segunda. Eu acho que ainda tenho muito para fazer." Uma das coisas a fazer é cortar o salário de milhares de funcionários e demitir outros milhares. Excelente gestor.
Agnelli, assim como outros CEOs, preocupados com o futuro de suas mega-multi-empresas, adota a mais que idosa política do terrorismo de baixo para cima (mas que fica sempre embaixo).
Ele quer cortar salários, quer cortar direitos trabalhistas, demitir, para que o lucro de sua empresa continue o mesmo, ou pelo menos parecido.

A pergunta que fica é. Porque em uma crise criada por grandes corporações, quem paga o pato são os peões?
Como diz o editorial do jornal "Brasil de fato", as "propostas de mesma índole que, com toda a dominação ideológica a que submete as demais classes (e estas introjetam), fazem com que, no limite, os dominados não desenvolvam outra lógica, que não aquela que nos diz "dos males, o menor": melhor ganhar menos, que estar desempregado."

Na sequência, também aproveito o editorial, para deixar alternativas, aquelas que os CEOs, gênios do mercado, nunca conseguem pensar. Porque será?

"Portanto, por que não imaginarmos, por exemplo, que os bilhões injetados (pelo estado) enquanto empréstimos nas grandes financeiras e bancos, não devam ser feitos como compras de ações pelo Estado?
Por que não pensar que as reduções salarias podem ser feitas, desde que entendidas e regulamentadas como compra de ações das empresas pelos trabalhadores?

Fica ai a dica.

(valeu Alípio!)

domingo, 14 de dezembro de 2008

Contra-ataque

por Vilauba Herrera

Finalmente, o revide.

Será que o "terrorista" será levado para Guantanamo? Abu Ghraib?

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Listinha

por Vilauba Herrera


A mania das listas eu não sei se já passou, acabou, ou está adormecida. Mas, ontem, no alto do prédio, observando o céu esfumaçado da paulicéia, lembramos, eu e Serjones, de um papo já trocado. E aqui vai a minha lista, então.

Ordem não é tão importante (sem mania de fila)

Gringos

Amie Winehouse
Bob Dylan
Tommy Chong
Jack Nicholson

Brasucas

Gilberto Gil
Ventania
Nelson Mota
Lenine

60 anos é pouco

por Vilauba Herrera

A Declaração Universal dos Direitos Humanos faz, hoje, 60 anos de idade. A idéia de que os homens devem ser tratados igualmente ainda engatinha e por isso deveria ser instigada com mais afinco, para que cresça saudável e inunde não só a face da terra.
Enquanto o mundo é tomado por celulares-computadores, carros-aviões, condomínios-feudos e dominações pela "democracia", os 16 itens da declaração ficam guardados nas gavetas da utopia.


domingo, 23 de novembro de 2008

Tarja Preta

por Vilauba Herrera





P. C. é cidade tarja preta
Vila de águas termais e noites infernais

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

A festa tá ficando boa lá no alto


por Vilauba Herrera


- Puta que pariu, Mitch, até que enfim você chegou. Já estava quase chamando outro, Bonham tá de bobeira ai, sabia?
- Porra, tava lá fazendo uma preza para você. Ou acha que se não fosse eu, sua família e amigos, sua moral ainda estaria alta?
- Beleza, vamos deixar de papo e desenferrujar. Se você não se incomoda, chamei um pessoal para dar uma canja. Sabe como é, dar mais volume ao som.
- Isso nunca foi problema para você, cara.
- Pode ser, mas o tempo passa até aqui. Janes? Jim? Brian? John? George? "Simbora"?
- um, dois, três...
- Calma, chamei mais um para a jam. Moleque novo. Entra ai, Kurt.
- Agora vai. Vamo que vamo.
...

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A gente vai levando...

por Vilauba Herrera

Nada melhor do que encontrar e conviver, mesmo que por algumas horas, alguns minutos, com pessoas interessantes e generosas. Nessas horas, quando a situação está quase lastimável, para ser otimista, nada como um batepapo no quintal de luz baixa em um sobrado em uma rua qualquer, ou na sacada, dessa vez sem luz, acompanhado por um disco alternativo fazendo o BG, ou até mesmo um almoço confortável e saboroso, regado a comida francesa, saudades matadas e doses de jornalismo político.

Mas se tudo isso ainda não tirou sua testa e sua auto-estima do chão, pode-se escutar um "Bom dia, tudo bom? Ótimo, que as coisas continuem boas para todos nós. Até mais", de uma desconhecida risonha, com seu cachorro curioso.

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Música Popular Política

por Vilauba Herrera

No blog de Sérgio Dávila, o jornalista da Folha divulga uma lista divulgada pela assessoria de Barack Obama.

1. Signs – Snoop Dogg and Justin Timberlake 2. Ain’t No Mountain High Enough – Marvin Gaye and Tammy Terrell 3. Torn and Frayed – The Rolling Stones 4. C’mere – Interpol 5. Use Me – Bill Withers 6. Numb/Encore – Jay-Z and Linkin Park 7. I Feel it All – Feist 8. Hey Hey What Can I Do – Led Zeppelin 9. Kick, Push – Lupe Fiasco 10. I’ll Be Around – The Spinners 11. Big Weekend – Tom Petty 12. I’m on to You – Neil Diamond 13. Bones – Radiohead 14. Down by the River – Neil Young 15. When the Stars Go Blue – Ryan Adams 16. Maps – The Yeah, Yeah, Yeahs 17. Daughter – Pearl Jam 18. Season of the Shark – Yo La Tengo

Na hora pensei, até que o democrata tem bom gosto, é um cara eclético e tal. Foi ai que o professor Serjones alertou-se, logo após observar a lista.
"Cara, é até meio que óbvio um cara ouvir isso. É meio que pra agradar um pouco de cada gênero e são coisas boas de cada genero. Tudo muito pontual, que qualquer um gostaria também", disse Sérgio.
Concordei na hora e debatemos sobre o truque populista de Obama. Nada mais esperto fazer uma seleção que envolve o beabá de todas as tendências da música popular estadunidense, e divulga-lá para o mundo.
Mas tem um defeito gravissimo", disparou Sérgio. "Faltou Dylan, então não é uma lista de clássicos e sim uma lista clássica."
Falou e disse, professor.

ÉÉÉÉÉÉÉÉ..... do BRASIIIILLLLLLLL

por Vilauba Herrera

Que beleza, Brasil!! Enquanto o mundo passa por uma crise financeira causada pela incompetência dos megalomaníacos homens do sistema financeiro, principalmente os estadunidenses (culpa minha é que não é), nós criamos um mega monstro bancário, um "gigante financeiro", como diz a matéria do G1.
Agora "teremos" o 9º maior banco das Américas e que estará entre os 20 maiores do mundo!!! IUPIII!!!
É uma vitória verde-amarela, depois da derrota de Felipe "Massinha neleesssssssssss" Massa sucumbir ao talento do Luís Hamilton.

Estamos mostrando para o mundo como é trabalhar em meio a uma crise como essa.
Noruega, Suécia, Suiça, Finlândia, Austria ...sigam com seus idh´s confortáveis, suas crianças sadias e educadas, suas escolas estruturadas, com professores animados e bem pagos, suas praças floridas e suas ruas limpas. Pra que tudo isso se não possuem um banco entre os mais mais?

domingo, 2 de novembro de 2008

Hoje sim, Luís Hamilton [e Marílson]

por Vilauba Herrera


Domingo de Ma...rílson Gomes dos Santos!!! Sorte da Globo, que viu o seu xodó, Felipe "Massinha Nelessss" Massa, perder o título na última curva, e poderá salvar-se com aquele patriotismo babaca em cima do maratonista, bicampeão em Nova York.

A imagem de Vettel ultrapassando Luís Hamilton, que depois, recuperou-se e passou por Timo Glock, levando o campeonato, enquanto Massa pai e mecânicos ferraristas comemoravam, me lembrou...sim, hoje sim?

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

João nos bons tempos

por Vilauba Herrera

-momento Corneta

João, quando você era chato era mais legal. Musiquinha e sorriso pra Vale (do rio Doce)?

sábado, 18 de outubro de 2008

Caso Santo André

por Vilauba Herrera


"Os pais autorizaram a volta dela ao apartamento", disse o Adriano Jovenini,, comandante do Gate, sobre o retorno de N. ao local onde Lindemberg Alves matou E. (o coma é irreversível, disseram os médicos).

"Eu colocaria meu filho no lugar da amiga. Veja bem, é uma decisão de quem está la.", afirmou coronel Eduardo Félix, comandante do Batalhão de Choque da PM, que aproveitou para admitir que quantidade não é qualidade.
"Eu só peço que respeitem o profissionalismo e a capacidade de entendimento da equipe que está ali. É a que tem o maior volume de ocorrência do mundo."

"Quem tem condições de avaliar somos nós. Claro que algumas vezes não temos 100% do resultado desejado", rebateu o comandante do Gate, Adriano Jovenini, sobre as críticas ao trabalho feito em conjunto pelo Gate e PM.

Respostas muito simples para uma situação, segundo os próprios policiais, tão complexa.

Como um cara de 22 anos fica com uma arma na cabeça de uma menina de 15 anos, faz uma outra refém da mesma idade. Faz isso por cinco dias e no fim das contas, só ele sai ileso?

Eu não sou favorável a violência, atitudes bruscas, mas em uma situação como essa, como pessoas que se dizem preparadas, cometem uma série de erros gigantescos?

Em um país sério, o secretário de segurança (no caso, Ronaldo Marzagão) já estaria procurando outro emprego para pagar o advogado e enfrentar um monte de processos. Isso vale para os comandantes Felix e Jovenini, que se esconderiam no banco de reservas da polícia.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Louco amor (Gang 90, Fellini, Exaltasamba, novela das 8 ...)

por Vilauba Herrera






O amor faz cometer loucuras deve ser a frase mais usada em letras de música popular e comercial do Brasil. Acho que do mundo. Mas, porra, não é que é. Essa semana dois casos populares-jornalísticos foram perfeitos para ilustrar a frase falada por Geraldo Azevedo, Luis Guilherme e Daniel, Mastruz com Leite...

De um lado, um ator perde a cabeça por causa da namorada e escreve um manifesto contra a nudez no cinema só para cutucar o diretor do filme em que a moça mostra os peitos.

No outro, um cara de 22 anos, que namorou 3 anos uma menina de 15, perde a cabeça e prende a garota por cinco dias e depois, com a ajuda da competente polícia, dá um tiro nela.

O amor é foda mesmo. Em alguma música deve ter algo como não subestime o amor ...Filipe e Thiago, Mariah Carey...mas é, acho que sim.

A diferença para as maluquices é brutal, claro. Mas é a mesma diferença do lugar onde Pedro mora e Lindemberg habita, a mesma diferença de salário, das idas à escola, ao médico...

Mas daí o blog fica monotemático.

Hoje o papo é amor... mas serve vamos falar de amor do Mala 100 alça, ou Forró dos Play's...?

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Arrastando no chão

por Vilauba Herrera

As bolsas até que melhoraram, heim. mas tem um monte de gênio empresarial perdendo milhões. Será que eles não têm um plano, não? Acho que não, né?
Planejamento é coisa dos vermelhos.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

The Rolling Stones - Heaven

Hoje acordei com o dia bonito. Acho que não só eu. E a noite?

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Ah, tá

por Vilauba Herrera


- Sonny Rollins, Puta que pariu, eu amo esse velhinho batuta.
- Quem é? Pai do Henry Rollins?
- Não, porra. O cara é saxofonista, tocou com o Monk, com o Coltrane, Art Blakey e Miles Davis!!! Um dos melhores jazzistas ainda vivo. Uma lenda.
- Ah, sei.
- Nunca vou esquecer esse véio. Foi com o disco Work Time, que conquistei Isabela. Porra, o disco é de 55, escutamos em 89, na faculdade e até hoje, por vezes, escuto ela sussurrar algumas músicas do LP, quando está tomando banho.
- Porra.......mas 250 contos, porra, daí é foda.
- Que dia é esse show?
- Dia 21.
- Nossa, não acredito.
- O que, fala ai?
- É nesse show que eu vou. O pessoal do trabalho empolgou de ir e eu vou também. Já imagino quantas gatinhas intelectuais estarão por lá. tenho um tesão doido em mulher de óculos, cabelinho curto, blasê.
- Ah...

FIM

obs:um dos episódios do elitismo cultural que assola o país verde e amarelo.

terça-feira, 30 de setembro de 2008

O fim de Alckmin (?)

por Vilauba Herrera

Kassab, que chamou um eleitor de vagabundo, subiu nas pesquisas e está bem perto de Marta, que não deve estar relaxada, muito menos gozando de sossego. Segundo o datafolha, cerca de oito pontos separam a perua petista do demo. Nessa briga pela terra da garoa prometida, sobrou para o Geraldo "sem opinião própria, sem carisma, sem cabelo, sem apoio" Alckmin, que começa a naufragar politicamente. Ah, se São Paulo fosse Pinda...

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Lotação esgotada

por Vilauba Herrera

O projeto "Lotação esgotada", do ministério do Esporte, levará 140 mil alunos de escolas públicas e particulares aos jogos do Campeonato Mundial de Futsal, que começa amanhã, no Rio e em Brasília (80 mil na capital federal e 60 mil na cidade maravilhosa). Segundo a Ascom (assessoria do ministério), "elas receberão camisa, brindes e kits lanches."

Porque não 140 mil crianças e jovens em Museus, bibliotecas, Centros culturais....? Nestes lugares, as crianças não ficariam apenas assistindo professores de matemática, português, assim como os dribles de Falcão e companhia. Elas iriam tentar, experimentar, errar, aprender, conhecer, descobrir.... e seriam 140 mil crianças.

Sistema escroto

por Vilauba Herrera

O capitalismo, o neoliberalismo, em parceria com essa tal de globalização de mercados é de uma calhordice monstro. Como é que um monte de bancos e empresas imobiliárias dos EUA quebram e é a bolsa brasileira que mais cai no mundo???
Daí, nas televisões e rádios encontramos um monte de economistas da FGV, todos com ações na bovespa, arrotando teorias sobre o equlibrio econômico brasileiro e a falta de esperança do empresariado gringo com o pacote rejeitado pelo congresso yanke.
Falta de esperança é o car...., risco país é o caramba, nunca vi um economista que explicasse direito como tudo isso funciona. Não explicam porque é um absurdo. Bolsa de valores é um absurdo. Uma dúzia de multimilionários fica especulando e trocando ações sem produzir um palito de fósforo, sem criar meio emprego e enriquecendo cada vez mais e quando um deles quebra, economias de países mais pobres entram em colapso, outros pedem moratória e o escambau.

E quando uma empresa brasileira fica em alta em Dow Jones, temos que engolir a imprensa canarinho levantando a bola dos geniais empresários.

Festejamos o sucesso de empresas, grupos, pessoas, enquanto a população continua massa....de manobra.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Caderno do Saramago

por Vilauba Herrera

Não é novidade, mas só consegui ler ontem, o surpreendente caderno do Saramago. O blog do escritor português me fez acreditar ainda mais nas possibilidades da língua, da palavra. Porque, apesar do peso do nome e da escrita de Saramago, em seu blog estão textos simples, cotidianos, próximos. Quando li Prova de Algodão e Aznar, o Oráculo, me senti colega de José. Ver o quanto ele despreza Bush e suas companhias é instigante, encorajador e seguro, pois sem imposições, o velhinho nos mostra em que pedras podemos pisar.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Voto nulo não me anula

por Vilauba Herrera

O voto nulo é uma manifestação de indignação e insatisfação com a situação política de uma cidade, de um estado, de um país. Ser tratado como "despreocupado", "alienado" e até "irresponsável", por não escolher algum dos candidatos é absurdo. A política não é feita somente dentro de partidos. Ainda bem, pois se fosse, a esperança estaria ainda mais abalada. Política é feita em palanque, em calçada, em papo de bar, em reunião de escritório, em banco de praça, até em chat da net. Pra mim, política, nos últimos tempos, tem sido melhorar as relações a minha volta, coisa de 2 a 3 metros de distância, coisa pequena, mas que dá um trabalho. Sabe como é, fazer articulações, ceder, impor, pedir, receber, equilibrar, não é só coisa de dirigente partidário.
Para os que dizem que se não voto, não tenho direito a cobrar, que passem a pagar os meus impostos, daí me calo.

Mas não sou tão difícil. Basta que um candidato prometa ( e cumpra) que vai regulamentar os lucros dos patrões. Sim, distribuição maior ( bem maior) de lucros para os funcionários. Basta que ele prometa (e cumpra) acabar com a imunidade partidária, por que CPI é brincadeira, né. Alguém ainda acredita? Basta que ele prometa (e cumpra) investimento brutal em educação, fim do analfabetismo e melhoria na qualidade dos professores e ensino, consequentemente. Pronto.
Só isso.

E não me venham com realismos de cartilha. Esses já estão mais gastos que a idéia de jardim do éden.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Glenda vence o grandioso prêmio

por Vilauba Herrera

Sim, Glenda Kozlowski levantou uma das taças do prêmio Comunique-se-2008. Ela bateu o colega Tino Marcos e o mais que experiente Juca Kfouri.
Mas além de comunicar a grande conquista da global, também coloco aqui os novos mestres do jornalismo brasileiro, congratulados nesta edição do independente site (patrocinado pelas grandes empresas Fiat, Vale, Nextel, Light, TAM e algumas mais).
Este ano, a colunista social Mônica Bergamo, o locutor esportivo Cléber Machado, Arnaldo Jabor, referência na apuração de pautas e texto sublime, o (realmente) experiente Reali Jr., Lorena Calabria, Zileide Silva e Cora Ronai.
Não tiro méritos de alguns, o incrível é que todos pertencem a grandes empresas de comunicação deste grande país.
Alguém ai está interessado em saber quanto ganha o grande número de funcionários que colocam a informação na boca dessas grandes figuras?
Alguém sabe quanto ganha um câmera da Globo, um cabo-man, um motorista, um produtor, um repórter, um pauteiro...?
não, isso é um pequeno detalhe.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

O jornalismo agradece

por Vilauba Herrera

Encontrei uma vez Glenda Kozlowski. Estava trabalhando, cobrindo o treino de um clube da Capital Paulista. A moça cheia de sorrisos causou frisson entre algumas pessoas, principalmente os funcionários do clube. Alguns olhos de repórteres a seguiram um pouco mais.
Com ela estavam alguns empregados da Globo e um dirigente da equipe. Eles mostravam a estrutura do local, os campos verdes e sem buracos aparentes, o centro de tratamento de lesões, a piscina, os jogadores. Por pouco não lhe apresentaram a bola.
Na hora da coletiva, Glenda posicionou-se ao lado dos parceiros, riu das piadas feitas por colegas de profissão, mas na hora de entrevistar um atleta, quem fez foi outro global. Ficou quieta na hora das respostas, prestou atenção como uma aluna cdf. Por fim, cumprimentou os jogadores escolhidos para falar, não sei se deu autógrafo. Foi embora no carro prateado, sentido zona sul.

Não tenho nada contra Glenda Kozlowski. Mas a tetracampeã mundial de bodyboard não pode ser indicada a um prêmio (Comunique-se) de jornalismo, apenas porque "esbanja simpatia durante a apresentação diária do programa Globo Esporte." Tudo bem, ela cobriu Copas, Olimpíadas, coisa e tal. O que ela fez nesses lugares? Alguém lembra de uma matéria realmente interessante de Glenda nos Jogos de Pequim, ali em agosto último.
Eu lembro da Glenda, como lembro de outros repórteres da Globo perguntando para os atletas "como eles estavam se sentindo depois de conseguir essa sonhada medalha?"

A premiação ocorre esta noite. Os concorrentes são: o colega Tino Marcos, o simpático apresentador do Esporte Espetacular e Juca Kfouri, atualmente colunista, blogueiro e comentarista.

O jornalismo agradece.

sábado, 6 de setembro de 2008

Bandeira Branca

por Vilauba Herrera

Recuperei o violão dos tempos de aulas com Luís, o "Branca". Daquela época, sobrou bandeira branca, que toco em novo arranjo. Na última vez que me apresentei para um público maior do que duas pessoas, causei comoção: os amigos completamente bêbados caíram na risada, já nos primeiros acordes. E caíram no chão mesmo, quando comecei a cantar e uma gordinha, amiga de não sei quem, que estava na casa do Nelson, na aprazível Itanhanhem (?), achou que eu a estivesse homenageando com "baleia branca". A guria saiu irada da sala, para delírio da multidão. E eu só fui perceber no camarim, após o espetáculo. Não me recordo a data deste show. mas agora, com o Di Giorgio nº 15 ali, encostado na sala, imagino voltar a tocar. talvez chamar um pessoal, fazer uma banda. Alguma coisa assim.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Seu João e a famigerada Justiça (das neves)

por Vilauba Herrera


"Ele é um monstro, tem duas filhas, mas não quero que passe pela mesma situação que eu. Só quero que a justiça seja feita.'' - João Florentino Gomide, setembro de 2000.

Amanhã, quando abrir os jornais, seu João terá mais um dia de frustração em sua vida, que já dura quase 70 anos. Mas se ele possui um computador, a frustração chegou hoje mesmo.
Isso porque neste dia 2 de setembro, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) diminui a pena do jornalista Antônio Marcos Pimenta Neves, que matou a ex-namorada e filha de João, Sandra Gomide, de 18 para 15 anos. Além disso, o STJ manteve recurso que mantém Pimenta Neves passar todo o processo em liberdade, até em eventuais recursos judiciais.

A decisão do STJ ocorreu durante recurso especial pedido por Pimenta Neves, que na época era diretor de redação do ESTADÃO, para anular o julgamento que o condenou a 19 anos, em 2006.

Ainda não vi coisa alguma na TV sobre o caso. Duvido que os Datenas da vida irão levantar a voz em defesa do seu João e sua família. Vamos aguardar o que os periódicos de amanhã.

A Justiça que seu João pediu e não conseguiu é representada por estes nomes:

Ministra Maria Thereza de Assis Moura: votou pela manutenção do julgamento, porém, pediu a diminuição da pena, levando em conta a "confissão espontânea" de Pimenta Neves. A ministra considerou exagerada um dos argumentos usados na pena original, de que o assassinato de Sandra causou um grande trauma à sua família.

Desembargadora Jane Silva: votou pela redução da pena para 14 anos
Ministro Nilson Naves: também votou pela redução para 14 anos
Ministros Paulo Galocci e Og Fernandes: "Mais justos", pela redução para 16 anos

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Força (monetária) estranha

por Vilauba Herrera

Os críticos gostam mesmo de meter o pau nos dinossauros da música brasileira. Isso não é novidade para ninguém, muito menos para Caetano Veloso.
Caê responder aos "jornalistas culturais" também já está ficando mais batido que cantor de pagode decadente que vira sucesso gospel.

Mas dessa vez o artista inovou nas rebatidas. Diante das matérias feitas pelos repórteres Sylvia Colombo, da Folha e Jotabê Medeiros, do Estadão, que criticaram a falta de criatividade e a monotonia do show de Veloso com o rei Roberto, o compositor de "Alegria, alegria" deu uma de Reinaldo Azevedo.

Assim como o capataz da Veja, chamado de [Rei] pelos seus leitores, Caetano disparou: "Escrevo isso só para mostrar aos que comentaram as críticas hilárias da província paulistana que também li e que fiquei com pena dos dois fanfarrões que não sabem nem escrever. O do Estadão então é inacreditável. Como é que qualquer editor deixa sair um texto com tantos erros de português, tantas redundâncias e obscuridades, tamanha incapacidade de articular pensamentos? A da Folha não sabe pensar mas exprime de forma primária esse seu não-saber", diz um dos trechos do texto "Marginal Pinheiros", no blog http://www.obraemprogresso.com.br/

Não assisti ao show e imagino que se a dupla não homenagear a bossa nova em praça pública, sem cadastramentos prévios e ingressos impagáveis, não assistirei.
Mas imagino, mesmo tendo pés atrás com os críticos da grande (de grana e poder) imprensa, que o espetáculo não tenha sido um espetáculo.

Já acho estranho colocar Roberto Carlos para cantar bossa nova. Mais bizarro é colocar Robertão, que aos 67, é (ou se vê) mais importante do que a própria bossa. Além disso, faz tempo que o rei não inova. Tenho até dúvidas se a Globo não repete o mesmo especial dele há anos.
Também acredito que Caetano tenha se emocionado ao cantar "Caminho de Pedra" e "O que Tinha de Ser". Mas como já disse e prova sua biografia, Veloso foi realmente lapidado pela bossa ( não só ela). Mas estranho é esse contra-ataque ríspido.

E não vejo Caetano defendendo Roberto, vejo em seu texto, a defesa do show em si, o formato, o conceito, como se Roberto/Caetano tivessem acabado de igualar os Doces Bárbaros, no Canecão. Não igualou.

Caetano Veloso e Roberto Carlos foram contratados pelo banco Itaú e homenagearam Tom, João, Carlinhos, Nara e toda a bossa por muito dinheiro. Prestaram serviço e devem até ter passado nota para trabalhar em uma festa para a elite (provinciana) paulistana e a (incrivelmente progressista moderna e descolada) carioca.
O funcionário Caetano soou pelego em sua resposta. Pois nem o próprio Itáu moveu-se para discordar.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

O dia começa pela manhã

por Vilauba Herrera


A noite tinha sido daquelas. É o que dá ser um grande apreciador de cerveja e trabalhar como lavador de pratos em um típico pub londrino. Mas aos 19 anos, na Inglaterra há cinco dias e com um vocabulário nativo de sete palavras, ter arranjado um emprego estava ótimo, mais do que ótimo.

Mas ótima não estava sua cabeça na manhã de 30 de janeiro de 1969. Sentia a testa latejando, a boca seca. O pior era o frio. O cobertor, as sete camisetas e três blusas de lã costuradas pela vó não eram suficientes para o inverno inglês, naquele quarto em um sótão sem calefação. Idéia do marroquino, parceiro de cozinha no pub, mas que nunca dormia lá.

O dia já tinha surgido na janela, mas poderia ficar mais duas horas na cama. Colocou o travesseiro na cara e se sentiu confortável. Poucos minutos depois, vozes o tiraram do sono pesado. Resmungou sem abrir os olhos. Logo o número de vozes aumentou. - Uma briga na rua no prédio da frente é muito azar, pensou. Mesmo assim, permaneceu deitado.

O ronco já tinha voltado a dominar o cubículo, quando gargalhadas invadiram o ambiente. Levantou de sopetão, o travesseiro foi parar do outro lado do quarto. Olhou para os lados e quando colocou o pé esquerdo no chão, o barulho cessou. - 1, 2, 3, 4 , 5, 6...no oito já estava deitado novamente, com uma das mãos segurando a cabeleira, um travesseiro adaptado.
Um ruído fino chegou aos seus ouvidos e de quem estivesse a um quilomentro de distância.

Puxou o cobertor até a cara. O barulhou foi substituído por uma balbúrdia de palmas e uma voz meio anasalada. - Vão todos tomar no cu, eu vou acabar com essa porra toda. Pulou da cama e correu com a raiva nos olhos, abriu a janela e quando ia excomungar a Grã Bretanha inteira, viu.

sábado, 16 de agosto de 2008

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Olhares

por Vilauba Herrera



As mães do morro que perderam filhos pelas armas da polícia (do Estado) agora encaram o asfalto. Obra do fotógrafo francês JR no morro da Previdência, Rio de Janeiro, Brasil.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Piada pesada

por Vilauba Herrera

"Não estamos em 1968. A Rússia não pode fazer o que quiser, invadir um país e sair impune", declarou a secretária de Estado dos Estados Unidos, Condoleezza Rice, em coletiva transmitida pela rede CNN nesta quarta-feira.

É brincadeira, né?

Para:
MÉXICO , ARGENTINA, CHILE, HAITI, NICARÁGUA, CHINA, CORÉIA, PANAMÁ, CHINA, FILIPINAS, CUBA, PORTO RICO, ILHA DE GUAM, ESPANHA, NICARÁGUA, ILHA DE SAMOA, HONDURAS, REPÚBLICA DOMINICANA, RÚSSIA, IUGOSLÁVIA, GUATEMALA, EL SALVADOR, IRÃ, GRÉCIA, VENEZUELA, EGITO, LÍBANO, CAMBOJA, ILHA DE GRANADA, BOLÍVIA, LIBÉRIA, IRAQUE, ARÁBIA SAUDITA, SOMÁLIA, ZAIRE, ALBÂNIA, COLÔMBIA, AFEGANISTÃO... não foi.

domingo, 10 de agosto de 2008

Isaac

por Vilauba Herrera



Na correria da redação, entre páginas de papel e virtuais, vejo a notícia sobre a morte de Isaac Hayes. Admito não ser um estudioso sobre a vida e a obra de Hayes, mas sei que é mais uma grande perda para a música preta feita na década de 60 e 70. Referência fundamental para a música pop que domina o planeta. (isso não é uma comparação)


Fica aqui sua obra mais famosa, enquanto ele se junta aos companheiros de cena, os lendários Curtis Mayfield e James Brown.

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

A graça das eleições

por Vilauba Herrera

Jornal tradicional da elite paulistana, o Estadão, que não costuma esconder suas idéias políticas. iniciou campanha para a eleição de Geraldo Alckmin à prefeitura.

O esforço não foi pequeno. Caderno colorido e com poucos anúncios.


ps: tentei colocar aqui a capa na versão impressa, mas não houve sucesso.


quinta-feira, 7 de agosto de 2008

A prole Marley

por Vilauba Herrera






Sempre fui curioso em saber mais sobre a família de Bob Marley. Hoje fiz uma pesquisa para descobrir quantos e quem são os filhos do homem. Para quem também tinha alguma curiosidade, estão ai os felizardos:


Filhos de Nesta Marley

com Rita Marley:
Cedella Marley
Ziggy Marley - www.ziggymarley.com/
Stephen Marley - www.stephenmarleymusic.com/
Stephanie Marley - adotada por Bob
Sharon Prendergras - adotada por Bob

com Cindy Breakspear:
Damian Marley - www.myspace.com/damianmarley

com Cheryl Murray:
Imani Carole

com Pat Williams:
Robbie Marley


com Janet Bowen:
Karen Marley

com Lucy Pounder:
Julian Marley

com Anita Belnavis:
KyMani Marley - http://www.kymani-marley.com/

com Yvette Crichton:
Makeda Marley


Tudo em família

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Pra que trombar?

por Vilauba Herrera

Pare, não pise na faixa amarela, não corra, não pare na porta, deixe o lado esquerdo livre na escada...
Avisos que nos perseguem nas andanças pela paulicéia.


Mas como se fosse birra, todo aviso que começa com a palavra NÃO, não é respeitado. Vai, um pouco, bem pouco respeitado. Isso é clichê, eu sei. Vamos mudar de assunto. Direto ao ponto.
Minha dúvida e irritação é saber porque as pessoas não desviam (de mim) na rua? Porque? Porque? (tom de desabafo)


Por que eu tenho que fazer todo o movimento de corpo para que as pessoas não esbarrem. Até com mochila, duas malas e uma gaiola, sou eu que preciso dar espaço para um moleque folgado de alguma faculdade presbiteriana de higienópolis passar. Ou uma mulher com o nariz empinado, que joga bituca de cigarro na rua e acha que todos os homens têm que ser cavalheiros com ela. Até mesmo aquelas quarentonas com roupa de pré-adolescentes que desembarcam do metrô com cara de brava, por terem despertado a libido do pessoal do vagão, e saem batendo o pé pelas alamedas.


O Estado deveria fazer uma campanha do tipo: "Seja consciente, mexa um pouco o ombro para o próximo".
Isso seria absloutamente rídiculo, eu sei. Primeiro, por que o povo tem que aprender a viver menos por campanhas (assunto para outro texto). Segundo, por que quando a palavra NÃO no aviso iria transformar as calçadas em algo parecido com um rinque de carros bate-bate.


Por enquanto, a rua é de passagem.

domingo, 3 de agosto de 2008

?!?!

por Vilauba Herrera

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Maior Viagem, biiicho

Por Lotus Dharma

de pijama, com faringite aguda, em um domingo nublado. "De manhã cedinho, tudo cá cá cá, na fé fé fé".


Passeando pelos blogs da vida, encontrei no fantástico eneaotil esse site suuuper bacanudo, biiicho.

Pôôa, imagina ser filho de Baby e Pepeu, afilhado de Moraes, de Paulinho e Dadi.

Besta é tu se não for olhar.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Lucro na degola

por Vilauba Herrera

Não falo sobre assuntos esportivos no blog, esta é uma pequena exceção.

Depois do Corinthians, é a vez da diretoria do Santos usar a má fase do time para explorar o bolso da torcida. Na zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, o clube lançou a camisa "Santos é o time da virada". Segundo o presidente Marcelo Teixeira, no cargo desde 2000, "esta será uma forma de aproximá-los (torcedores) da equipe profissional."
Talvez o dinheiro da venda das camisetas seja para pagar o salário de Quiñonez, Apodi, Fabiano Eller, Tripodi ....
A paixão sempre foi aliada do marketing, mas usar o desespero é novidade (para mim).

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Já?

por Vilauba Herrera


Já deu bom dia ao seus... dias?

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Mercearia

por Vilauba Herrera



A porta abre rapidamente, mas fecha devagar.

- Bom dia.
- Bom dia, posso ajudar.
- Sim, vim para as compras do mês. Estou faminta.
- Estou a suas ordens.
- Eu queria meio quilo de coerência, dois de confiança e quatro quilos de carinho.
- Sei...
- Não sou muito disso, mas estou numa fase meio assim...
- ...pronto, está aqui, só isso?
- Não, imagina. Preciso de duas travessas de perspectivas, um pedaço de futuro e duas fatias de bom senso.
- Olha, eu só tenho uma fatia de bom senso, mas tem bom humor, quer?
- Serve, me dá três fatias. Com isso, acho que dá pra fazer alguma coisa.
- Você tem equilíbrio?
- Só um maço. tem saído muito nos últimos dias.
- Mas tá bonito?
- Tá sim.
- Então eu quero.
- Deixa eu ver....tem malícia e medo? Mas daqueles menos concentrados, em frascos menores. Sou um pouco alérgica, mas é bom ter em casa, né?
- Claro. Esse tá bom?
- Obrigada. Acho que é isso.
- Tudo dá....
- Calma... você tem alguns pacotes de Paixão e um litro de paciência, se chegar sem isso, será um horror.
- Putz.... eu tinha, mas acabou.... eu tenho amor sobrando.
- Não quero, a última vez que comprei, mofou.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Concorrência desleal

por Vilauba Herrera

O fantasma reacionário voltou e com força total. Nada mais perverso do que a mídia para financiar a alienação, a ignorância e a violência.
Desde a morte do velho Azul Marinho, em 2003, a Globo, chefiada pelos filhos do hômi, iniciaram um lenta e gradual abertura de idéias, diversificação de programas e investimento em produções culturais e não tanto comerciais e de baixo nível. Não, a Globo não virou uma TV educativa e está há "milanos" disso. Não esqueci das novelas, do Faustão, do Bonner, da Fátima, do Galvão...etc. Repito, uma lenta e gradual abertura, assim como eles defenderam há 29 anos atrás.
Cito alguns artigos sobre a legalização das drogas no jornal O Globo, entrevistas pertinentes na revista Época ( com a ex-juíza Maria Lúcia Karam e com o escritor Misha Glenny ) e produções como Hoje é dia de Maria e afins.
Porém, cinco anos depois, "tudo" vem abaixo. Com o crescimento da Record, que chupou as idéias globais da década de 80 e 90, refazendo novelas toscas, jornalismo sensacionalista e programas de auditório bizarros (piores que os do Silvio), a emissora carioca mudou novamente sua postura.
Ao invés de usar seu poder para elevar o nível do diálogo com o público (santa ingenuidade, Batman!!), a Globo volta a apelar para absurdos no intuito de fazer a população pobre mudar de canal ( 5, 5, aperta o 5).
Palhaçadas como a briga por audiência no caso Isabella+Janela. As milhares de entrevistas exclusivas como promotores e advogados, que especulavam situações muito antes das investigações acontecerem. os jornais instigando a população a sair de suas casas para ficar parada na frente da delegacia, xingando os acusados e aparecendo nas câmeras.
A nova bizarrice global foi o reality show de um moleque idiota inglês, apresentado pelo Fantástico. No Venenodubem, o comentário sobre o programa, sim, está fantástico.

Lembrando que emissoras de rádio e TV são concessões públicas!!!! Ninguém precisa assistir qualquer porcaria ou simplesmente desligar a televisão. Criticar e buscar melhorias na programação não é censura. Isso é papo de "dono"de emissora e publicitário.
O compromisso das emissoras é cada vez mais descarado pelo lucro e não pela informação bem transmitida.

quinta-feira, 10 de julho de 2008

quarta-feira, 9 de julho de 2008

Ahaaaaaaa....(novidade)

por Vilauba Herrera

"Uma aeronave (norte) americana monitorou o espaço aéreo da região onde Ingrid Betancourt foi resgatada para garantir a segurança da operação. A informação foi confirmada pelo subsecretário de Estado dos EUA Thomas Shannon, que visita o Brasil após se encontrar com o presidente colombiano Álvaro Uribe, em Bogotá, na terça-feira", afirma a matéria da revista Época.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

No pain No game

por Vilauba Herrera


Depois de 6 anos presa na selva pelas Farc, Ingrid Betancourt foi libertada em ação do exército colombiano. Na ação, que libertou mais 15 reféns, não houve violência. Os soldados, que há alguns meses invadiu o território do Equador, usaram toda diplomacia e após uma conversa amigável, conseguiu a liberação da ex-senadora e ex-candidata a presidente da Colômbia.
Mas a rádio Suíça Romanda (RSR) afirmou que na verdade, o negócio foi outro. Betancourt e os 15 reféns valeram 20 milhões de dólares para as Farc.


"Os 15 reféns foram comprados na realidade a preço alto. Depois disso toda a operação foi uma encenação", afirmou a rádio pública. A RSR cita uma "fonte ligada aos acontecimentos, confiável e testada em reiteradas ocasiões nos últimos anos". A rádio acrescentou que os EUA estiveram na "origem da transação". Novidade.


A versão suiça ganha força quando vemos Betancourt, que ficou 6 anos sem contato com a família, sem ver amigos, fazendo dircursos ao lado do presidente Álvaro Uribe e ganhando beijinhos do presidente francês Nicolas Sarkozy. Pô, foram 20 milhas, o que são algumas palavras de apoio à segunda reeleição do presidente colombiano. Quem sabe, não sobra uma vaga de vice ou um acordo para substituí-lo depois. Político gosta é de política, o resto é bobagem.
ps: A estratégia de marketing foi cara, mas não tenho dúvidas que irá funcionar. Além de Kofi Annan, Betancourt, Uribe, Sarkozy e até o Bush deveriam fazer palestra no Congresso de Publicidade (texto abaixo)

quinta-feira, 3 de julho de 2008

O Marketing da liberdade

por Vilauba Herrera

O IV Congresso Brasileiro de Publicidade, que acontecerá de 14 a 16 de julho, terá o tema Criando o Futuro. O evento será no único World Trade Center que ainda está de pé... em São Paulo.
A primeira palestra será feita por Kofi Annan , ex-secretário-geral das Nações Unidas (1997-2006) e Nobel da Paz de 2001. A celebridade falará sobre a importância da liberdade nos tempos atuais.
-Liberdade para fazer propagandas sedutoras de cigarros e bebidas alcólicas
- Liberdade para os patrões ganharem mais e mais e mais
- Liberdade para monopolizar a informação e a comunicação
-Liberdade para aumentar cada vez mais o consumo de parte da população
- Liberdade para aumentar o abismo entre ricos e pobres
e para finalizar, o assunto que Annan domina como ninguém:
- Liberdade para deixar os EUA atacar e destruir o Afeganistão e o Iraque, mesmo sendo o todo poderoso da ONU
Annan ainda comandará um workshop:
- Como administrar uma grande e inútil instituição (ONU) e receber bilhões de dólares por ano

obs: Quase equeci de citar os patrocinadores do Congresso. Globo, Terra, Record, Abril, RBS (ops, olha a Globo novamente), Bandeirantes, SBT e Elemidia (Maior empresa de mídia digital out-of-home [?] da América Latina).

É muita democracia em um evento só!

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Linha de montagem

por Vilauba Herrera

Uma porta é aberta. Os bois começam a entrar, enfileirados no galpão frio e de cores claras. O cheiro de sangue os assusta, mas pouco podem fazer, já que o corredor é estreito, muito estreito. São dezenas, centenas de animais, caminhando lentamente, um a um. O primeiro da fila é parado. No alto, uma pistola de ar comprimido, manuseada por computador, começa a descer. Posicionada acima da cabeça do bovino. O tiro é certeiro, entre os chifres.

O animal apaga, mas não consegue sequer cair no chão. Segundos depois, um funcionário, também certeiro, acerta uma faca em formato de foice, no pescoço do boi, degolando-o. O sangue espirra e logo mais um animal em coma está a sua frente, pronto para mais um golpe. O corpo da vitima é içado e rapidamente, suas quatro patas são arrancadas (é a parte mais suja do boi).

O boi é colocado em um varal e com a barriga exposta, é alvo de uma facada, que lhe tira todos órgãos. Outras serão dadas nas pernas, somente para cortar o couro. A cabeça é tirada. Grampos são presos à carcaça. os grampos estão presos á correntes que começam a girar, arrancando (somente) o couro do bovino. Pronto, está limpo. O varal segue o caminho para o próximo passo. Imensas facas despedaçam o que sobrou. Picanhas maturadas, maminhas, filés, coxões moles, duros, lagartos e alcatras já estão embaladas à vácuo.

Tempo do trajeto, três minutos.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Um sonho de família

por Vilauba Herrera



Laerte é publicitário. Bem sucedido, mora em um bairro nobre da capital paulista, condomínio fechado. Responsável pelas contas mais importantes da agência, Laerte é um profissional dedicado. Tem hora marcada para chegar, mas não para fugir. Já conheceu 22 países do planeta, mas isso na época de estudante. Há 12 anos, Laerte passa suas férias (uma semana, o resto ele vende, por que seu patrão pede) em Maresias, com a mulher, Norma e o filho Estevão, de 10 anos.
Laerte já ganhou sete prêmios internacionais de propaganda. Seu nome é conhecido nos quatro cantos do marketing mundial, por sua criatividade. Em casa, Laerte era adepto do papai e mamãe, quando ainda dormia com Norma. Hoje, passa as noites no sofá e assiste sempre o mesmo canal em sua TV de LCD de 45 polegadas, acompanhado da mesma marca de whiskie 18 anos.
Norma é bonita. Aos 39 anos, tem uma rotina dura. Acorda às 8h e leva Estevão ao colégio. Emenda na academia e três vezes por semana, pratica ioga com suas amigas do clube, local dos encontros nos finais de semana.
Ex-gerente de multinacional, Norma abandonou a vida no escritório para labutar em casa. Foi uma imposição carinhosa de Laerte. O começo foi duro, mas os cuidados com o filho, os compromissos com matriculas na escola, escola de inglês, alemão, natação, informática, Kumon, ocuparam seu cotidiano em pouco tempo e ela tornou-se mestra no assunto. A vida em casa também melhorou com as seguidas viagens profissionais do marido. Assim pode deixar a casa como sonhava, limpa e branca, sempre.
O serviço doméstico fez mal ao seu sono. Nada que algumas doses de lexotan, dramin e por vezes, rivotril, não resolve-se. A medicina faz milagres.
Estevão é o melhor aluno da classe. O último 9 aconteceu por distração, em uma prova de ciências. No recreio, seu apelido é minhoca, por ser muito branco e muito magro. O garoto gosta mesmo é de ficar sentado assistindo os jogos de futebol. Às vezes, até se arrisca como juiz, mas dois ou tr§es xingamentos dos jogadores e ele volta ao banco verde do pátio. Após um tombo em uma apresentação aos pais, aos 8 anos, Estevão conseguiu convencer os pais em tirá-lo das aulas de educação física.

domingo, 22 de junho de 2008

Notas de um domingo frio

por Vilauba Herrera


- A democracia é mesmo incrível. Durante anos, anos, dezenas, centenas de anos, a Bolívia foi governada por coronéis e filhos de coronéis, que estudaram no "estrangeiro". Neste tempo, os ilustres políticos transformaram a Bolívia em um dos países mais pobres da América Latina. Durante estes anos, não houve intenção alguma de separar seu território. Mas foi Evo Morales, filho da terra, tornar-se o presidente, que os derrotados coronéis, ajudados pela imprensa (interna e externa) evocam a democracia para tentar dividir o país.


- E o ator Paulo Szot, que de um dia para outro se tornou herói nacional. Até semana passada era um ilustre desconhecido no Brasil e artista da Broadway. Mas ele ganhou um prêmio em Nova York, por suas atuações e caiu nas graças da Globo. Aguardem, em breve, Szot estará por aqui, interpretando sucessos como Cats, Sweety Charity, Miss Saigon e por que não, uma das 8. Não duvidem...

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Papo aberto?

por Vilauba Herrera

A União Européia decidiu acabar com as sanções impostas a Cuba desde 2003. A entidade afirmou que pretende inicar um diálogo "global e aberto" com a nação da América Central.
Mesmo assim, só poderemos saber se algo realmente irá acontecer, daqui uma ano, pois os governantes europeus exigiram uma " avaliação dos resultados da reaproximação européia a Cuba nos campos político e de direitos humanos."

Sou completamente favorável ao bate papo, conversa, cooperação entre países. Mas a pulga fica atrás da orelha quando as palavras "aberto e global" entram na história. Pois são as palavras mais utilizadas pelos democratas do capitalismo, com suas mega empresas de capital aberto que impulsionam e são impulsionadas pela tal da global...ização, essa que abre cada vez mais, o abismo entre os poucos ricos e os muitos pobres.

Não sei se pela minha ingenuidade, ou asco pela politica estadunidense (é isso ai), ainda acho que o rendez-vous pode trazer bons frutos. Raul Castro espera isso também. Fidel idem.
Espero que nesse ano de avaliações, o assunto Guantânamo esteja em pauta.
Já que é um diálogo aberto e global.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Vitória

por Vilauba Herrera





Fazia tempo, 22 temporadas. Durante anos, torci para times que sequer ganhavam 20 partidas por temporada, equipes lideradas por meu jogador predileto, o armador Dee Brown, time que ainda tinha Parish, contemporâneo dos tempos áureos de Larry Bird e cia e ultrapassou os 40, dentro das quadras. Ainda assisti o veterano Dominique Wilkins, em final de carreira, comandar o time eliminado pelo Orlando Magic de Shaq, nos playoffs de 1995. Após tanto sofrimento, a fila acabou.

terça-feira, 17 de junho de 2008

Desde o tempo ....do onça

por Vilauba Herrera

Acordou com a boca seca. Olhou de lado, a garrafa mais seca que sua língua. Levantou com a mão apoiada no colchão e a outra coçando os olhos remelentos. Cambaleou até a pia do banheiro e improvisou um bebedouro. Emendou uma chuveirada e se vestiu molhado mesmo. O calor permitia. O telefone tocou.
- Alô.
- Alô, Américo. É sua tia Eneida.
- Oh tia, tudo firmeza?
- heim?
- Tudo bem com a senhora?
- A meu filho, tudo daquele jeito. To ficando velha...
- Que isso, tia, você está de boa, inteiraça!
- Nada, Américo, por fora bela viola, por dentro pão bolorento.
- ...
- E como você está, Américo? Sua mãe me disse que está desempregado.
- É tia, mas daqui a pouco eu vazo daqui e descolo um trampo noutro pico.
- Heim?
- Quero ir embora, tia, preciso sair dessa cidade.
- E vai para onde, Américo? A Mirdes me disse que você não tem um tostão furado, que está matando cachorro a grito.
- Não é bem assim, tia, não é bem assim, não tô matando cachorro nenhum. É que tá treta aqui, não consigo desenrolar nada. Se pá, vou pro Nordeste.
- O que? Américo, o senhor está pensando que berimbau é gaita? Ir para o nordeste como? Vai fazer o que lá?
- Pô, tia, um truta meu foi pra lá e se deu bem, abriu uma barraca na praia, vende uns refri, umas brejas.
- O que é isso, Américo? deixa de ser paspalhão, isso não é vida.
- Claro que é tia. Se um bagulho desse virar, eu tô feito.
- Américo, você era um menino tão curioso, espoleta, serelepe. Deveria tentar alguma coisa com computador. Um filho de uma cumadre minha começou a mexer com isso e já comprou um carro. Américo, computador é a coqueluche do momento!!
- Não, tia. Eu não manjo dessas coisas. Meu negócio é trampar na rua, trocar idéias. Informática é papo de nerd.
- O senhor está sendo cabeça dura. Deveria tirar as barbas de molho e procurar emprego em uma firma dessas. Tenho certeza que rapidinho iria arrebentar a boca do balão.
- Sussa, tia. Mas agora vou desligar. Tchau.
- Tchau, Américo. Fique com deus.
...

- Alô.
-Alô, Mirdes?
- Eneida, tudo bem?
- Comigo tudo bem. Mas falei com seu filho. Mirdes, Américo está com umas idéias, heim?
- Eu bem sei. Disse que quer ir para o norte, trabalhar na praia.
- É, ele está perdidinho, mais por fora do que umbigo de vedete.
- Hahahahaha, ai Eneida, você e suas frases engraçadas. Eu não entendo patavinas.
- Não mude de assunto, Mirdes. Seu filho está numa situação de lascar.
- Será o Benedito, Eneida? O menino já está com 32 anos. Ele que resolva a vida dele. Essa batata quente não é minha e nem sua. Agora deixa eu lhe falar. Fiz um docinho de abóbora, porque você não vem com a Zumira, amanhã, para provar.
- Tudo bem, mas nós vamos continuar essa conversa, dona Mirdes, não tem choro e nem vela. Além disso, esse doce deve estar supimpa, não é?
- Chuchu beleza.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Repaginada

por Vilauba Herrera

Novidades no resmungos. Isso Graças ao camarada e fantástico blogueiro e escrevedor e fotógrafo Dubem, a quem sou grato.


O cara é dono dessa aqui e outras mais...




terça-feira, 10 de junho de 2008

Momento piada

por Vilauba Herrera

No último sábado, 7 de junho, em momento mais democrático do que nunca, o Movimento do Ministério Público Democrático reelegeu o promotor Roberto Livianu em eleição que contou com a participação de ....uma chapa.


E viva a democracia!

terça-feira, 27 de maio de 2008

Sonho bobo

por Vilauba Herrera

Quando bato a última tecla, meu corpo dói
A boca seca e escuto a bronca, calado
Ah, como eu queria ser um super-herói
Daquele que não marca toca, arrojado

Queria transformar batuque em poesia
Não essa coisa assim, meio chinfrim
Esse texto cheio de erros e heresia
Sem rima, sem rumo, com resto e com fim

Ana, Bebel, Bárbara, Isabela e Carolina
Todas elas em uma oração ao tempo
Todas belas em minha solidão ao vento

Gilberto, Chico, Tom, João, Caetano, Nara e Zés
Mas não sou anjo e esqueceram das minhas asas
E me contento e tento andar só com pés

domingo, 25 de maio de 2008

Fuga

por Vilauba Herrera

Levantou num salto. Já estava acordado e vestido. Só enrolava na cama, com os braços para atrás, mãos na nuca, reparando de olho fechado a respiração falha. Nariz entupido.
Pegou o fio dental verde. Tirou o pedaço necessário, encostou o ombro na porta de ferro da sacada. Do oitavo andar ele via o dia feio e cinza e triste. Jogou o fio dental verde e vermelho no lixo. Espreguiçou, gemendo.

Olhou no relógio, enquanto ligava o som. Música francesa. Sentou no sofá azul gasto. O teto era sujo, as paredes com quadros amarelados. Levantou, pegou a carteira em cima da mesa, os óculos e caminhou até a porta. Hesitou. Maia volta e entrou na cozinha. Abriu a geladeira. Com a porta escancarada, abriu uma gaveta do armário, tirou uma faca e pegou um pequeno pedaço de queijo branco. Lavou, secou e guardou a faca. Abriu o freezer, tirou um cubo de gelo da forma, jogou na boca e fechou a geladeira. Tentou cantarolar a música com o gelo na boca, babou na camiseta, ficou irritado, engoliu o cubo, engasgou, tossiu e sentiu dor nas costas.

No banheiro, olhou-se no espelho. Passou a mão nos cabelos, abriu a boca, viu a mancha de água na roupa.
Saiu em disparada, passadas rápidas, abriu a porta e antes de fecha-la, escutou mais um pouco da simpática canção, que não entendia."On me dit que nos vies ne valent pas grand-chose..."

Fechou a porta, desceu a escadaria vermelha. Esperou o porteiro ir até a garagem e passou pelo portão. A tarde acabava. Atravessou a rua, andou vacilante até a esquina. Ainda viu o primeiro carro de polícia parar em frente ao prédio.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Um dos últimos marcianos

por Vilauba Herrera

Morreu o senador Jefferson Péres (PDT - AM). Fica aqui um lúcido comentário sobre a "polêmica" discussão sobre a legalização das drogas. Não é culpa minha, mas também vão aparecer algumas almas penadas, pesadas....

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Marcha ré (2ª)

por Vilauba Herrera


Alguém me responda. Por que Marcha da Maconha não pode e Marcha para Jesus pode?

Por que Jesus, seus empresários e fãs podem parar o trânsito de São Paulo?

Por que o Apóstolo condenado por crimes de conspiração {a bispa está encarcerada) e contrabando pôde aparecer em um telão e tagarelar para o povaréu, incluindo o prefeito da cidade e a candidata ao cargo pelo PT?

Por que em 2009, o prefeito do DEM(os) já avisou que vai liberar o autódromo de Interlagos para o evento?

Se o problema é o nome, podemos, no ano que vem mudar o nome da marcha. Que tal Marcha pela brisa divina, ou então, Marcha para abrir a mente. Talvez o melhor seja jogar com a arma do inimigo. Marcha para Jesus... and Mary Chain. Assim, acho que rola.



---Jesus and Mary Chain---

domingo, 18 de maio de 2008

Domingo eu quero ver....

por Vilauba Herrera



Hoje, o Domingão do Faustão, autor de pérolas como o Latininho, Sushi erótico e uma série de quadros de alta qualidade e divertimento, como video-cacetadas (antiquíssimas), dança dos famosos e arquivos confidenciais, completou 1000 programas.

São quase 20 anos de "Oh loucos", "Mais do que nuncas" e "Quem sabe faz ao vivo", que apresentam a decadência, preguiça, sadismo e picaretagem da TV Brasileira. E o pior é que o programa, apesar de algumas instabilidades, causadas pelos competitivos Gugu e Raul Gil, mantém uma audiência enorme.


Nessas horas, percebo que a televisçao vicia. tenho certeza que assistir Domingão do Faustão é o álcool, a cocaína de milhões de aposentados, trabalhadores e trabalhadoras, que poucas horas depois, estarão em seus empregos, em mais uma segunda-feira dura, repleta de ônibus lotados, trens suados, patrões irritados e salários perfurados.

Mais vergonhoso é o presidente da República, em mais um momento de populismo barato e desnecessário, colocar sua cara na tela para felicitar a marca obtida pelo rechonchudo e sem graça apresentador.

Desgraças televisivas não são produzidas apenas no Brasil. Programas como o do Faustão são projetos norte-americanos, fato. Mas neste domingo, não há nada mais negativamente emblemático neste país, do que a festa pelos 20 anos do "Domingão".





quarta-feira, 14 de maio de 2008

Confabulações midiáticas sobre o caso Isabella (Janela)

por Vilauba Herrera

- Com o aumento de 40% de televisores ligados para acompanhar a cobertura do caso, as emissoras de TV tentam usar até os ossos do evento para garantir mais telespectadores e anunciantes indignados. A Record na briga pela "exclusividade" com a Globo, chegou a fazer uma matéria sobre sua própria cobertura do caso. Os jornalistas se entrevistavam, explicando onde estavam quando o promotor chegou ao fórum, como conseguiram fazer uma pergunta ao Nardoni-pai em meio ao tumulto de policiais, jornalistas, fotógrafos e desocupados que se acotovelavam na frente das delegacias e o escambau.

- Enquanto a Record (Universal do Reino de Deus) fez uma auto-matéria, a Globo (Católica apostólica Romana) se deu melhor, já que os acusados, Nardoni-filho, Jatobá-madrasta e Anna Carolina-mãe, deram entrevistas exclusivas para Walmir Salaro e Patricia Poeta. Além disso, Anna Carolina-mãe virou devota de padre-cantor-ator e estudante de jornalismo, Marcelo Rossi.
- Como jornalista, admiro as investigações feitas por repórteres, suas fontes, malandragens e tudo mais. O que não entendo e o caso Isabella (Janela) é a divulgação sem controle de informações de um caso que ainda não foi concluído. Acho importante a descoberta e divulgação dos fatos para o público, essa é a função da profissão. Mas acho perigoso o modo descontrolado como a imprensa derrama informações pouco precisas, suposições, especulações. O promotor, advogados, delegados, irmã do Nardoni-filho, de apenas 20 anos, estudante de direito, dando uma série de entrevistas, como se estivessem com o resultado das investigações na mão.

- E os discretos helicópteros colocados em cima do enterro de Isabella, como se fosse um show de rock. Ou será que isso era só um capítulo fúnebre de um novo Big Brother.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Para acalmar a alma

por Vilauba Herrera

Enfurecido após um papo agradável com uma atendente de telemarketing da (escrota) Viação Cometa, terminei parte do trabalho. Sem saber como eliminar toda a raiva pelos gerúndios e malandragens e burocracias daquele telefonema, tentei escrever um "Manifesto contra o telemarketing". Fui incapaz.

O sangue nos olhos me deixou cego. Preocupado, lembrei de um remédio dos tempos do onça. Rock and Roll, Baby!!

E logo me veio a cabeça uma das apresentações mais fantásticas que assisti. AC/DC. 12 de outubro de 1996, estádio do Pacaembu, Ballbreaker tour.

Aos 15 anos, eu era puro rock. Apesar de ainda não estar enchendo a cara todos os dias, como fizeram meus ídolos. Eu nem bebia, acho. Outras drogas, então, não sabia nem a cor. lembro que compramos os ingressos com antecedência, eu, José [irmão de vida} e um amigo do passado, Felipe Morelli (onde anda você, rapá?).

Um tio, primo, parente, sei lá, do Morelli, foi junto. Era mais velho, gostava do AC/DC e seria o responsável pelo trio. Recordo-me que achei estranho, mas não falei nada. Porra, eu já frequentava shows há alguns anos, no mesmo Pacaembu, anos antes, já tinha visto Rolling Stones (com minha mãe), Iron Maiden (com amigos), não precisava de babá. Quem é do rock não precisa de babá.

Bom, 12 anos e muito rock and roll depois, admito que não lembro exatamente de tudo. Mas não esqueço da abertura, com a parede sendo quebrada pela Ballbreaker. Inesquecível também foi escutar os sinos de Hells Bells, os solos de Angus Young e a voz esganiçada de Brian Jonhson ( Bon Scott era foda, mas me desculpem os puristas, prefiro Johnson). Os canhões de For Those About to Rock, claro, não poderia esquecer. E também me recordo de quando salvei a vida de José, que quase caiu no chão, durante uma onda de milhares de pessoas. Rock and Roll demais!!!

Depois da sessão AC/DC, a calma retornou ao meu espírito. Eu só queria uma xícara de chá... e jogar aquela atendente, fã de "Jeitos Muleques", "Inimigos da Hp‘s", no meio da multidão, enlouquecida por Thunderstruck.

sábado, 3 de maio de 2008

Marcha ré




por Vilauba Herrera



Conseguiram. Os cardeais dos bons costumes e defensores da tradição, família e ...ops, proibiram a realização da Marcha da Maconha.



A manifestação que ocorre em diversas cidades do planeta, entre hoje e amanhã, não poderá ser feita em diversas cidades brasileiras, entre elas, São Paulo, a nave-mãe, e Curitiba, a cidade-modelo. No Brasil democrático, próspero e moderno de Lula, está proibida a manifestação e qualquer tipo de discussão sobre o tema.



"A Polícia Militar do Estado de São Paulo esclarece que por decisão do Desembargador Ricardo Tucunduva, acatando mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público, fica proibido o movimento "Marcha para a Maconha" Programada para o dia 04 de maio de 2008 às 14h00, no Parque do Ibirapuera.
Em decorrência da decisão, a Polícia Militar solicita ampla divulgação dos órgãos de imprensa, para que as pessoas que tencionavam participar da marcha evitem o local", diz o comunicado da progressista e humana Polícia Militar de São Paulo.



Enquanto isso, em Montevidéu, capital do "agrário" Uruguai, de Tabaré Vázquez, "aderiu à iniciativa e discutirá o tema, com o evento sendo animado por grupos musicais e uma grande feira de artesanato", avisa Wálter Fanganiello Maierovitch, Juiz aposentado e articulista da Revista Carta Capital.


E no longínquo Canadá, a marcha aconteceu tranquilamente. Assassinos não assassinaram, os monstros não apareceram e a bolsa de valores não foi afetada.
foto: Reuters




terça-feira, 15 de abril de 2008

Lixo Espacial

por Vilauba Herrera


1 - Porque a Nasa nunca mostrou uma foto como essa?
2 - Será que é esse o escudo anti-mísseis do Bush?
3 - Estão substituindo a camada de ozônio por um teto retrátil?


fonte: Agência Espacial Européia


quinta-feira, 10 de abril de 2008

Alphavida

por Vilauba Herrera

Zuleida pegou a chave na mesa de vidro marroquino. A porta já estava aberta. Ela nunca trancava e sempre que possível, espirrava isso nas convesas com suas amigas/inimigas, nas sessões quinzenais de compras do mês.
Entrou no carro. Uma pick-up, modelo super extra power flex, mas que Zuleida só alimenta com gasolina aditivada, salpicada de óleo de primeira qualidade. Brasileiro adora carro, não é?

Zuleida também é assim. Mas o que ela não gosta é da rua, da rua, das pessoas que estão ao redor dela, os prédios. "São todos sujos, essas tintas gastas, o cheiro...um horror", sempre diz.

Colocou a chave na ignição, deu a partida e, passando batom com o auxílio do retrovisor, deu marcha ré. para a curva, na pista cor de chumbo, decorada de faixas amarelas, usou os dois lados da rua. Sorte que não tinha ninguém por ali. Nunca tinha.

Abaixou para pegar um cigarro no porta-luvas e viu uma lata de refrigerante jogada no chão. Pegou-a e colocou em seu colo. Acendeu o cigarro e deu uma longa tragada, a cinza ficou pendurada, prestes a cair no banco de couro de jacaré. Empinou o cigarro, equilibrando-o. Ao passar pela portaria, escutou o Boa tarde do funcionário, que sabia que não iria ter resposta.

Parou no cruzamento, em cima da faixa de pedestres. Achava mais seguro, em caso de ser abordada por um pedinte, uma criança, um bandidão. Abriu a janela e derrubou a cinza, o cigarro pela metade e a lata de refrigerante. Arrancou, arrojada, cantando pneu.

Estava atrasada para o cabelereiro. Sabia que se chegasse 40min fora de seu horário, teria que dar um levado a mais para não ter que esperar a cliente que chegou no horário. Odiava essa situação. Nervosa, acendeu mais um cigarro e outro e outro. Todos dispensados nas faixas de pedestres. "Essa mania que tenho, coisa de louca"

Colocou o celular entre o ombro e a orelha, tentava falar com uma amiga que estava em Bruxelas. A intenção era pedir para que ela trouxesse os novos catálogos do pret a porter.

Deixou o carro no meio da rua. "Não sei fazer baliza". O manobrista teve que correr para dentro do salão e pegar a chave, nas mãos de Zuleida. Até entrar no possante, escutou diversos tipos de palavrões, dos racistas aos infantis.

De cabelo e unhas novas, correu para o carro. Mas ele não estava. Esculachou o manobrista, pegou o automóvel e partiu, levando alguns cones.

Irritada com a falta de bons serviços na cidade, acelerou. Entrou sem diminuir, ainda arrancou uma lasca da guarita do condomínio. Jogou o carro na garagem, saiu esbaforida e entrou na casa com porta destrancada. Estava em choque, precisava de uma água mineral com gás.

Estava salva.

terça-feira, 25 de março de 2008

Isso é o mar


por Vilauba Herrera


Sexta-feira passada assisti, sem querer, ao filme Riding Giants. O documentário conta a história de surfistas e as ondas gigantes que descobriram pelos mares do planeta: Oahu, Maverick‘s, Teahupoo...
No final do documentário, dirigido por Stacy Peralta (2004), a música "This is the sea", dos Waterboys, faz um dos melhores Grand Finales que já vi.
A música, uma balada a la anos 70, é inebriante. Se mistura com as ondas, as cores, o ritmo, a velocidade das pranchas correndo pelas gigantescas paredes azuis.
Admito que nunca subi em uma prancha. Fustrante. Mas o tempo passou e o que me resta é admirá-las sendo desafiadas pelos surfistas.
Mas se não pude encarar as ondas em cima de uma prancha, posso compartilhar o respeito pelo mar, a sensação de não ser praticamente nada quando olho para a imensidão azul/verde e vejo sua força, o prazer de poder contemplá-lo. Isso é o mar.




Agradeço ao site o escriba, que me ajudou a descobrir o nome do filme.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Transmissão

por Vilauba Herrera


foto: Apu Gomes

Retirou as chaves do bolso de forma estapafúrdia, quase derrubou o buquê de rosas multicoloridas. Subia a escada em tempo recorde, para o seu tamanho e resistência física. Mas não arfava, tinha o olhar compenetrado nos degraus, cada lance. Imaginava o que ia falar, tinha dúvidas sobre como introduzir aquele assunto, tinha medo de gaguejar, pigarrear, babar. Ela sempre foi tão sensível.

As mãos estavam tremendo, no rosto, as primeiras gotas de suor escorriam pela testa grande. Faltavam dois lances de dez degraus. Parou por alguns segundos, passou a mão esquerda nos cabelos curtos e fez caretas para aliviar a tensão dos músculos da cara.

Chegou à porta, sutilmente, forço a maçaneta para ver se estava destrancada. Não estava. Rapidamente, colocou a chave e abriu vagarosamente. Otis Redding o recebeu: "There were time and you want to be free..."

Ele adorava I've Been Loving You Too Long, que rodava na vitrola no canto da sala. Seria a trilha. Colocou a bolsa em cima do sofá verde gasto. Logo depois, o buquê, camuflado entre duas almofadas coloridas.

Ela estava no quarto, a luz do abajour acesa. Olhou para o teto, não respirou fundo, não suspirou, apenas caminhou lentamente. Se estivesse dormindo faria o que? Não tinha pensado nessa situação.

- É você? Ela perguntou, em baixo volume. Nunca falava alto.
Não respondeu, já estava com um pé dentro do quarto. Lá estava ela, deitada, coberta somente por um lençol branco e extremamente fino. O livro em seu colo. Cabelos presos, a camisola que tinha lhe dado há alguns meses, em um dia qualquer, uma comemoração inventada.
Não deu tempo de abaixar a cabeça, levantá-la e dar um sorriso fraco.
- Não quero mais. Não consigo pensar mais em você aqui do meu lado.
Ela, sempre tão sensível, tão cheia de cuidados, o pegou de surpresa. Não esperava o golpe e por isso, sorriu. Não teve controle, foi instântaneo.

As mãos não saíram do bolso. Virou-se e saiu do quarto, ligeiro. Pegou sua bolsa, o buquê. Girou para observar a sala, iluminada pela lua e pela rua.
Deixou as chaves no sofá, abriu a porta e, antes de fechà-la, ouviu "I love you with all of my heart And I can't stop now..."

Na escada, enfiou a mão no bolso e atendeu o telefone. Suspirou, tranquilo.
- Alô... estou indo para ai.

domingo, 9 de março de 2008

Duelo de gerações

por Vilauba Herrera

A sua intolerância não me passa na garganta
Essa impáfia que borbulha embaixo dos dentes
A teoria frustrada camuflada de sacrossanta
Agradeço e dispenso essa tirania beneficente

Afrouxe essa corda ao redor da alma
Deixe soprar a realidade em seu peito
Não está errado, mas também não é perfeito

Cobra dos outros, as decisões arrependidas
Memórias são escudos para o fracasso futuro
Encapadas pelas gargalhadas aborrecidas
Que balançam os cabelos brancos e imaturos

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

Documentários, comentários...



por Vilauba Herrera

Para quem gosta de documentários, as dicas são "Grass" e "Meu melhor inimigo", feitos, coincidentemente, no ano de 1999.

"Meu melhor inimigo" é um filme onde o cineasta alemão Werner Herzog conta a sua relação fora do comum com o ator Klaus Kinski. Completamente visceral, temperamental, agressivo, vaidoso, surpreendente, Kinski era quase indirigível. Quase, pois Werner Herzog o dirigiu em cinco filmes: Aguirre (1972), Woyzeck (1979), Nosferatu (1979), Fitzcarraldo (1982) e Cobra Verde (1987).
O filme tem imagens fantásticas de bastidores e mostram o ator, nascido na polônia, tendo reações coléricas, brigando com colegas de filmagens, com espectadores e com seu melhor inimigo, Herzog, é claro.


No segundo, o diretor Ron Mann conta a saga da canabis Sativa nos Estados Unidos. O filme, de 1999 e com narração do ator Woody Harrelson, é um espetáculo de imagens antigas, que mostram a guerra fascista dos estadunidenses contra a erva e, principalmente, algumas minorias que a rodeavam. Mexicanos, comunistas, artistas e indivíduos um pouco mais, digamos, progressistas, eram e são perseguidos pelo governo. O filme mostra a série de mentiras inescrupulosas, das mais elaboradas até as mais chinfrins, propagadas pelo Tio Sam. Mas "Grass" também mostra o quanto (nós, terra brasilis) estamos atrasados em relação a qualquer tipo de discussão sobre legalização das "drogas", mudança de costumes, moral e preconceitos. Bem atrasados.

(valeu Serjoto, valeu Xulas)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

domingo, 17 de fevereiro de 2008

O inferno são os outros

Ia cair o mundo e ele eu disse: - Mundo, não caia! eu tô mandando!!
Daí ele ficou paradinho da silva.


foto: Dubem

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

O tempo e o carro

por Vilauba Herrera

Entrei no carro com sono e sem vontade para papo. Já estava assim desde o baseado que tinha fumado no final do expediente, a cerveja com dois pedaços de pizza e a falta de paciência para interagir com os caretas.

Eram em quatro, contando com o motorista, que logo ao sair da garagem, acelerou, trocou rapidamente as marchas e disparou pela rua vazia e molhada e amarela. No banco do co-piloto, sem movimentar o pescoço, olhei para o motorista, que fungava e passava a mão no nariz, como se quisesse arrancá-lo. Tranquilizei-me. - O cara cheirou, então não me venham com encheção, falar que eu estou alterado.

Tentei puxar uma conversa, fiz uns comentários, mas não houve muita resposta. No banco de trás, um estava tão chapado quanto eu. O outro, puto. deveria estar com pressa e eu pedi para jantar no bar. - Porra, dois contra um, democracia. Espera um pouco.

Pensava ali, enquanto o carro mil cilindradas atravessava o centro da cidade em alta velocidade, o pessoal no banco de trás deve ter percebido que o motorista está doidão, um dos motivos de estar tirando tudo o que pode do automóvel. - Será que eles perceberam?

Uma freada e o carro parou, uns 3cm de outro automóvel. Sem perceber, a dúvida pela percepção alheia foi substituída por outra. - Será que esse cara vai bater essa merda desse carro?
Nem pensei em colocar a mão no puta que pariu. Sob o efeito do ragga, o medo fica somente na mente.

O parceiro do beque, da breja e da pizza foi o primeiro a deixar o foguete. Outra tentativa de diálogo, ou triálogo. Diplomacia com o cara bravo. Sem sucesso. Só umas quatro frases com o motora, que entrou em uma rua fechada pelo CET, com um amarelinho olhando. - Deveriam ter fechado a rua, como vou saber? - questionou o estriquinado.

Pronto, o mala, quer dizer, o outro cara foi deixado em seu destino. Pronto, só faltava um, deve ter pensado o condutor, que acelerou um pouco mais.
O silêncio dentro do automóvel, que deslizava (mesmo!!) pelo asfalto molhado, fez minha tese sobre o ragga ir por água abaixo. Me segurei no banco e sentia minha cara fazer caretas por baixo da roupa de pele e barba.
Por meio de telepatia, tentava me comunicar com a alma do motorista. - Vai mais devagar, cara. Não precisa ter pressa, estou na boa.

Não sabia mais o que fazer, estava tão agitado quanto o farofeiro do motora. E o carro parou, de supetão. Estava em frente a minha casa. Agradeci e desci do carro em 2seg. Abri o portão e corri para dentro. Excomunguei o inventor do automóvel ( Ford FDP!!!), os pilotos de F1 (não esqueci de você, Nelsinho) e todos estes playboys que preferem pegar no câmbio do que numa bunda.
- Da próxima vez, não fumo. Tomo um lexotan. E salve a bicicleta e os motoristas caretas!!!!!!!!