quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Mera semelhança

por Vilauba Herrera


"Mas é preciso entender que esta não é uma situação normal. É uma situação de exceção, e para lidar com ela precisamos tomar medidas de exceção."

Quem disse isso não foi Jarbas Passarinho, no dia da instauração do AI5, em 1968. Foi Roger Agnelli, presidente da Vale, em entrevista ao Estadão. A Vale é uma das maiores mineradoras do mundo. Ela era do Brasil e graças ao FHC, agora é do Agnelli e de alguns acionistas por ai.

Agnelli, diz que "o governo e os sindicatos precisam se convencer da necessidade de flexibilizar um pouco as leis trabalhistas: suspensão de contrato de trabalho, redução da jornada com redução de salário, coisas assim, em caráter temporário", claro.

O CEO (é assim?) diz até que aceitaria diminuir o próprio salário. Bacana ele, né? Cortar a própria carne. Só que ele não diz que carne não falta em sua geladeira, que ele pode ficar sem salário durante décadas, pois "quando cheguei à Vale, ela era a oitava empresa do mundo no setor de mineração. Hoje, é a segunda. Eu acho que ainda tenho muito para fazer." Uma das coisas a fazer é cortar o salário de milhares de funcionários e demitir outros milhares. Excelente gestor.
Agnelli, assim como outros CEOs, preocupados com o futuro de suas mega-multi-empresas, adota a mais que idosa política do terrorismo de baixo para cima (mas que fica sempre embaixo).
Ele quer cortar salários, quer cortar direitos trabalhistas, demitir, para que o lucro de sua empresa continue o mesmo, ou pelo menos parecido.

A pergunta que fica é. Porque em uma crise criada por grandes corporações, quem paga o pato são os peões?
Como diz o editorial do jornal "Brasil de fato", as "propostas de mesma índole que, com toda a dominação ideológica a que submete as demais classes (e estas introjetam), fazem com que, no limite, os dominados não desenvolvam outra lógica, que não aquela que nos diz "dos males, o menor": melhor ganhar menos, que estar desempregado."

Na sequência, também aproveito o editorial, para deixar alternativas, aquelas que os CEOs, gênios do mercado, nunca conseguem pensar. Porque será?

"Portanto, por que não imaginarmos, por exemplo, que os bilhões injetados (pelo estado) enquanto empréstimos nas grandes financeiras e bancos, não devam ser feitos como compras de ações pelo Estado?
Por que não pensar que as reduções salarias podem ser feitas, desde que entendidas e regulamentadas como compra de ações das empresas pelos trabalhadores?

Fica ai a dica.

(valeu Alípio!)

Nenhum comentário: