quarta-feira, 17 de junho de 2009

Parabéns Gilmar e comparsas

Palmas aos ministros do Supremo. É o que devem estar fazendo os caciques da ANJ (Associação Nacional dos Jornais). Sem o diploma, os donos da grande mídia poderão explorar ainda mais os funcionários da escrita. A mão de obra será bem maior, eles poderão baixar ainda mais os salários, os "benefícios", seus lucros serão ainda mais estupendos, a qualidade irá...

Segundo o idôneo Gilmar Mendes, relator do processo, "A formação específica em cursos de jornalismos não é meio idôneo para evitar eventuais riscos à coletividade ou danos a terceiros."

O ministro deve ter apontado essa crítica para as faculdades de Jornalismo de fundo de quintal. Aquelas que também incluem os cursos de Direito e Administração. Será que vamos ter nos próximos dias uma discussão sobre a necessidade do diploma para exercer a advocacia? Que eu saiba, as provas na faculdade de Direito são com consulta. É só comprar os livros.

Parabéns Supremo, por mais um passo dado para trás.

ps: Agora eu quero ver, ler, escutar os caciques da imprensa, os que colocam o nome nas matérias. Nada de empresários da mídia.

4 comentários:

Fernando Maia disse...

Caro colega de profissão, não posso concordar com sua postura frente à decisão do STF.

Hoje vemos jornalistas fazendo previsões econômicas. Vemos advogados administrando empresas, administradores trabalhando como RPs e etc.

Não consigo entender essa revolta contra a decisão tomada. A faculdade de jornalismo irá continuar dando muito mais suporte para a formação de um bom jornalista. Quando vejo tal reclamação, percebo que algumas pessoas acreditam que o único benefício da faculdade é o diploma. Todas as cadeiras foram em vão. Todo o conhecimento adiquirido foi em vão.

Com tanta reclamação, as próprias faculdades de jornalismo estão sendo desvalorizadas. Um administrador, hoje em dia, concorre no mercado com economistas, engenheiros, psicologos, jornalistas, publicitários e etc... Mesmo assim, os bons administradores continuam sendo contratados. O memso irá acontecer com os jornalistas.

Se uma pessoa, formada economista, tem talento, sabe escrever e entende as responsabilidades de um jornalista, por que proibir que essa pessoa trabalhe como jornalista?

As reclamações soam como reserva de mercado. Medo de ficar desempregado. De concorrer com melhores jornalistas que nunca passaram pela faculdade de jornalismo.

Quem é bom vai ter trabalho sempre.

Moreno Bastos disse...

Fernando, respeito sua opinião, mas...

Sim, defendo a reserva de mercado quando vejo jornalistas ganhando tão pouco e trabalhando muito. Sem a obrigatoriedade do diploma, abre-se uma brecha enorme para os patrões diminuírem ainda mais nossos direitos. Além disso, isso poderá diminuir ainda mais a união da classe.
E outra, se a decisão persistir, creio que novas profissões devam perder a obrigatoriedade do diploma; caso do próprio direito, a admnistração, entre outras. Porém, sabemos a força de uma OAB para barrar uma decisão como essa. Pois "todo mundo precisa de um advogado", ja diz aquele adesivo-lobby que vemos nos carros por ai.
Essa decisão foi política, um acordo entre os donos do poder. Como qualquer um pode ser jornalista, teremos menos espaço para cobrar, para negociar. A questão não é ser bom jornalista, mas se haverá espaço para bons jornalistas, se interessa haver espaço para bons jornalistas. Não podemos esquecer que cada vez mais quem fala sobre comunicação e mídia são publicitários. E é isso que o jornalismo está virando, o que sobre de espaço entre os anúncios.

Fernando Maia disse...

Caro, infelizmente a realidade brasileira é a do salário baixo. Muitas pessoas trabalhando muito e ganhando muito pouco. Esse não é um problema exclusivo ao jornalismo e a "reserva de mercado" não funciona como reguladora de salários.
Bons exemplos de profissões que exigem diplomas e não têm bons salários são: fisioterapia, psicologia, odontologia e etc... é bom lembrar que quando cito tais profissões estou pensando em um empregado, não alguém que tem um consultório ou clínica própria. Imagina que um professor de história em uma faculdade federal, é obrigado a ter doutorado, ou ser doutorando, para receber R$4.000,00 trabalhando 40 horas por semana. Infelizmente, vivemos uma inversão de valores sem precedentes. Jogadores de futebol ganhando 300 mil por mês e professores ganhando 4 mil.
A administração de empresas já a muito tempo não precisa de diploma para ser exercida. Qualquer administrador, quando vai atrás de um emprego, concorre com engenheiros, economistas, publicitários e etc...
O direito é uma aberração, pois a OAB manda no Brasil. Mas eu não quero reproduzir a atitude (reprovável, ridícula) deles.
Os publicitários infelizmente estão inundando o jornalismo mesmo. Tal fenômeno ocorre em virtude do emburrecimento da população que cada vez consegue ler menos. Por isso o sucesso do twitter. Tem gente que não entende qualquer mensagem com mais de 140 caracteres.
Então os publicitários (treinados para escrever coisas atraentes, mas nem sempre relevantes) estão ganhando espaço em toda a produção de texto (não só jornalismo).
Só acredito que a questão do diploma não é determinante para causa.
A finalidade da faculdade não é fornecer uma autorização para ser jornalista, mas sim, formar jornalistas competentes. O diploma de jornalismo, assim como os de administração, economia, relações internacionais, publicidade, e relações públicas, entre outros, deve ser um certificado de que aquele profissional diplomado tem competencias e habilidades para exercer sua profissão de forma mais inteligente que o colega que não tem diploma. O diploma é uma vantagem, mas não uma obrigação.

Moreno Bastos disse...

É Fernando, acho que o buraco é mais embaixo.
Acho que a desobrigaçao do diploma é concordar demais com o "cada um por sí". Diminuir a união de classes em um ambiente como o nosso, já de pura concorrência, de interesses e, no nosso caso, interesses que ultrapassam a ética e o compromisso jornalístico (coisa que aprendemos na faculdade), é demais pra mim.

Nossa área não pode ser invadida por publicitários, por exemplo, sem que não haja uma estranheza. São coisas completamente diferentes. São objetivos diferentes. Isso é óbvio e por ser tão óbvio fica complicado entender porque é tão escancarada essa "mistura".

Desobrigar o diploma fortalece apenas o patrão que pode mandar e desmandar em direitos e deveres da classe.Sem o diploma acaba a classe, é um funcionário apenas. "juntos somos mais fortes", não?.

Ex: Desobrigar o diploma de jornalista fará que alguém que tenha totais méritos jornalísticos perca uma oportunidade de ser correspondente em um país, porque o dono da emissora tem um amigo que mora há algum tempo naquele lugar e que pode fazer esse trabalho ganhando menos, com menos responsabilidade, com menos qualidade...e daí, né?
Desobrigar o diploma faz com que alguém com totais méritos jornalisticos perca uma vaga para uma modelo, que é mais bonita e o patrão pode pagar menos, pois a outra parte ele paga em imagem (a dela na tv). Claro, com menos responsabilidade, qualidade....


É a elitização da profissão. O jornalismo em função do poder.
E isso não é jornalismo.