sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Força (monetária) estranha

por Vilauba Herrera

Os críticos gostam mesmo de meter o pau nos dinossauros da música brasileira. Isso não é novidade para ninguém, muito menos para Caetano Veloso.
Caê responder aos "jornalistas culturais" também já está ficando mais batido que cantor de pagode decadente que vira sucesso gospel.

Mas dessa vez o artista inovou nas rebatidas. Diante das matérias feitas pelos repórteres Sylvia Colombo, da Folha e Jotabê Medeiros, do Estadão, que criticaram a falta de criatividade e a monotonia do show de Veloso com o rei Roberto, o compositor de "Alegria, alegria" deu uma de Reinaldo Azevedo.

Assim como o capataz da Veja, chamado de [Rei] pelos seus leitores, Caetano disparou: "Escrevo isso só para mostrar aos que comentaram as críticas hilárias da província paulistana que também li e que fiquei com pena dos dois fanfarrões que não sabem nem escrever. O do Estadão então é inacreditável. Como é que qualquer editor deixa sair um texto com tantos erros de português, tantas redundâncias e obscuridades, tamanha incapacidade de articular pensamentos? A da Folha não sabe pensar mas exprime de forma primária esse seu não-saber", diz um dos trechos do texto "Marginal Pinheiros", no blog http://www.obraemprogresso.com.br/

Não assisti ao show e imagino que se a dupla não homenagear a bossa nova em praça pública, sem cadastramentos prévios e ingressos impagáveis, não assistirei.
Mas imagino, mesmo tendo pés atrás com os críticos da grande (de grana e poder) imprensa, que o espetáculo não tenha sido um espetáculo.

Já acho estranho colocar Roberto Carlos para cantar bossa nova. Mais bizarro é colocar Robertão, que aos 67, é (ou se vê) mais importante do que a própria bossa. Além disso, faz tempo que o rei não inova. Tenho até dúvidas se a Globo não repete o mesmo especial dele há anos.
Também acredito que Caetano tenha se emocionado ao cantar "Caminho de Pedra" e "O que Tinha de Ser". Mas como já disse e prova sua biografia, Veloso foi realmente lapidado pela bossa ( não só ela). Mas estranho é esse contra-ataque ríspido.

E não vejo Caetano defendendo Roberto, vejo em seu texto, a defesa do show em si, o formato, o conceito, como se Roberto/Caetano tivessem acabado de igualar os Doces Bárbaros, no Canecão. Não igualou.

Caetano Veloso e Roberto Carlos foram contratados pelo banco Itaú e homenagearam Tom, João, Carlinhos, Nara e toda a bossa por muito dinheiro. Prestaram serviço e devem até ter passado nota para trabalhar em uma festa para a elite (provinciana) paulistana e a (incrivelmente progressista moderna e descolada) carioca.
O funcionário Caetano soou pelego em sua resposta. Pois nem o próprio Itáu moveu-se para discordar.

2 comentários:

Serjão disse...

Perfeito.
Cheio de argumentos.
Mandou muito bem, vai fundo nessa praia mermão.
Aquele

Anônimo disse...

Certíssimo. Faço das suas as minhas palavras, com pequeníssimas alterações...
Pena que são poucas as vozes que falam a verdade.
Um beijo.