terça-feira, 5 de março de 2013

Varanasi, Benares, Banaras...



Ainda não havia passado das 9h30, mas o sol já era forte em Varanasi. Sai da estação e peguei um rickshaw. Ansioso, parei numa rua de comércio intenso, a Bengali Tola, a última nas proximidades do Ganges onde automóveis podem trafegar. Me aproximava da área central de Varanasi, a mais antiga cidade da India.

Adentrei às vielas e corredores rapidamente, desviando meu corpo de quase 120 kg (eu e mochilas) de pessoas, cachorros, vacas, bicicletas e motos. Ainda firme, tentava reparar nas construções, no jeito dos moradores. A cada viela mais próxima do rio parecia que as casas tinham camadas de poeira cada vez mais maiores nas paredes. A chamada “cidade viva mais antiga do mundo” borbulha com o Khumb Mela, o festival religioso que já tinha visto em Allahabad, cerca de um mês antes.



Tinha o nome de três hostels e fui procurá-los. Cheguei a uma das referências que tinha, o Shiva Café, ponto de encontro dos estrangeiros. Enfiei a cabeça pela janela e perguntei pelos hostels. Os dois primeiros estavam lotados para quem oferecia menos de quatro dígitos. A terceira opção, o folclórico Moona's, mas também estava cheio. “Você pode ficar no chão do salão lá de cima, custa 50 rúpias por dia”, disse um jovem hippie canadense com um tambor na mão, arranhando um português. Mas sem saco de dormir me desanimou e voltei para as ruas.


As horas passaram e conheci uns 10 quartos, na maior parte do tempo após ser levado por algum “funcionário de hotel”. Mas todos com preços além do orçamento. O cansaço venceu e aceitei o quarto mais caro da viagem.
Apesar do preço e das escadas, o lugar tinha o ganges na janela, que aparecia graças a uma fenda entre dois prédios em frente. Melhorou na manhã seguinte, quando o sol levantou exatamente no local, fazendo o rio brilhar bem na minha cara.

Pela viela principal, que entendi chamar-se CT Road, lojas de de discos e de instrumentos musicais indianos seduzem os turistas, que aproveitam a estadia para aprender algumas notas de cítaras, sarods. O instrumento mais procurado é a tabla, tambor típico da música local. Conheci algumas pessoas que fazem aulas todas as vezes que passam por Varanasi.




Mas é a religião que chacoalha a cidade. Na entrada do principal Ghat, à beira do Ganges, o comércio da religião é o que domina. Centenas de bancas, debruçadas nas escadarias, vendem kits de oferendas, imagens e outros souvenires de fé. Em toscas camas de madeira, homens oferecem massagens. Uma tropa pela beira do rio em todos os ghats vende passeios de barco. As crianças jogam críquete, outras trabalham duro, uma fila de mendigos esticam as mãos. De cócoras, grupos conversam enquanto seus búfalos e vacas banham-se ou são fotografas pelos turistas. Nagababas, os sadhus que vivem sem roupa, acampam em frente am ganges. Fumam charas e ganham dinheiro posando para os turistas. A cidade vive e morre no Ganges.


Perto dali, nos “burning ghats”, rituais de cremação são verdadeiras atrações e chama a atenção de locais e estrangeiros. Embrulhados em papel colorido e brilhante, os corpos chegam carregados por grupos de homens, que cantam, alguns batem palmas. Funcionários retiram troncos de enormes pilhas dispostas nas escadarias. A fumaça das fogueiras já escureceu as parades dos prédios em volta. As cremações não param. São cerca de dez fogueiras acesas ao mesmo tempo. Uma apaga e logo o funcionário, usando um pedaço de pau, vasculha as cinzas atrás de possíveis bens que o fogo não levou. E então, uma nova cama de troncos é montada para que um outro ritual comece. As fotografias são proibidas. Mas existem possibilidades no mercado, se você quiser um close. Barcos encostam para acompanhar as cenas. O cheiro da fumaça é estranho. Fácil de enjoar. Mas a banca de chai bem no meio do nevoeiro é um sucesso.

Um comentário:

Jorge Ramiro disse...

Existem lugares no mundo que são adorável, que eu gosto muito. Eu também gosto de viajar. No outro dia eu comprei um bebedouro para cachorro e participei de um concurso para viajar para NY. Eu quero ganhar o concurso!