terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Algum tempo no acampamento


Decidi participar do acampamento de forma mais concreta, nos meus quatro dias de reserva. Entrar no clima, na medida do possível e não ficar apenas como observador. Observar e experimentar possibilidades de conexões físicas e espirituais, que ao meu ver, são completamente diferentes de religião.

A organização no camp é baseada na solidariedade e compartilhamento. Todos podem participar da gestão do local: limpeza, organização, música, massagens, yoga e outras atividades. Minha tentativa no voluntariado foi ajudar na construção de um dos jardins, mas uma gripe me arrebatou antes de finalizar no trabalho.

Participei de três dos quatro satsangs que Prem Baba fez durante os dias que estive lá. Satsangs são como encontros entre o mestre e seus seguidores, em que Prem Baba fala sobre determinados temas. Há momentos para meditação, reflexões, silêncios e músicas.

Os bhajans, que são mantras, músicas de devoção divinas, que chegam a ter mais de 3 mil anos, transmitidos oralmente, tanto em Hindi, como em Sânscrito. O mantra mais novo cantado nos dias que estive ali possui 60 anos. Ritmos tradicionais são mantidos, mas interpretações são livres.

No primeiro dia, a banda tocou Hare Krishna em ritmo de Asa Branca e pôs muita gente para dançar e meditar e ao mesmo tempo. Esse é o principal objetivo dos mantras. Todos sorriam. Me veio a memória há quantos anos escuto essa canção, lembro dos Hare krishnas cantando pelas ruas perto do Masp, quando ia com minha mãe ao cinema de Patriarca e descia na consolação para andar até a avenida Paulista.

Prem Baba não usa somente os milenares mantras do hinduismo. Canções sobre as divindades da natureza, a tradição da religiosidade da floresta brasileira também está ali. Tudo muito bonito. As vozes das cantoras e dos músicos do “Pai do Amor”são delicadas e é fácil fechar os olhos para deixar a mente fluir, no que chamam de oceano interior.

Sozinho e nunca sozinho, conheci muita gente no acampamento. Pessoas de todos os lugares morando em outros tantos pedaços do globo. Exemplo, uma das organizadoras do acampamento, que é irlandesa e mora em Manali, no Himalaia. Lugar que queria conhecer, mas os -14 graus me fizeram retroceder. Ou a francesa que mora em Bali e a jornalista das Ilhas Maurício que abandonou as reportagens após conhecer a meditação, mais de 20 anos atrás e que está na India pela 11a vez. E voltei a falar português e até sobre questões os rumos do jornalismo no Brasil.

Assim como a maioria, acordava antes da 7h da manhã. Na tenda, alguns já praticavam meditação enquanto eu espreguiçava. O silêncio impera nos primeiros momentos da manhã. As tendas vão se abrindo, os corredores de tapete verde tomados pelas pessoas que vão aos banheiros. O café da manhã só após a ioga e os alongamentos.


Na hora do café, avisos para manter-se em silêncio, nunca respeitados. À mesa, o impulso pela conversa era maior que qualquer orientação. Alguns comem nas mesas, outros no chão.


Quatro dias foram poucos para compreender o Khumb Mela, mas interessantes pela chance de observação.

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