sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Sacrifícios e jardins ingleses


Em frente ao Victoria Memorial, palácio com uma leve aparência de Congresso Norte Americano, ao lado do Maidan Parque, com jardim e lagos ao melhor estilo europeu, uma escultura de Aurobindo, um dos heróis da independência. É a provocação indiana, com sutileza.


Dentro do memorial, fotos, objetos, documentos, livros, pinturas e outros artefatos sobre o período inglês e a reconquista da independência indiana. As armas expostas fazem lembrar que não foi um processo tranquilo como parece no discurso da rainha Vitória, nas paredes do prédio.

Nas paredes da Catedral de Saint Paul's (sim, eles fizeram uma aqui também), lápides recordam colonizadores mortos am terra indiana. Revoltas, emboscadas e outros tipos de mortes violentas estão descritas abaixo dos nomes. A Saint Paul de Kolkata é gratuita e possui um esquema engenhoso de ventiladores, que por meio de canos, descem pelo teto até chegar próximo às cabeças dos fieis.

Não visitava um planetário desde a época de escola. E depois de conhecer o Birla planetarium, em Kolkata, pensei se as escolas ainda levam os alunos para esses passeios. É fascinante. E acho que dependendo da pessoa, pode ser desesperador. Outro motivo para conhecer.

O Birla tem sessões de meia hora em inglês, Hindi e Bengali, o dialeto falado na região. Um busto de Yuri Gagarin em frente ao planetário, em funcionamento desde 1962, lembra quem ganhou a corrida. A máquina de lentes e luzes usada foi feita na Alemanha, pela Carl and Zeiss.

Kolkata é a cidade mais ocidental da India, segundo quem conhece bem. Mas mesmo para um novato é fácil perceber isso. Além da influência inglesa, existe uma forte presença muçulmana, visível no comércio e claro, nos rosto das pessoas: homens com suas longas barbas e seus turbantes ou tarbushs e mulheres com véus e seus rostos escondidos.

No Millenium Park, um grupo de pequenas praças tristes em frente ao rio Hooghly, casais namoram sentados ao pé das árvores. Outros, nos bancos de frente ao rio. Muitos usam guarda-chuvas para evitar o sol e a curiosidade alheia. Poucos se beijam e quando o fazem, atraem olhares. Meninas e meninos andam em grupos separados. Existe pouca interação. Na India, amigos andam de mãos dadas e mulheres evitam olho no olho.

Em Kalinghat, o templo de Kali é uma das principais atrações. Sendo assim, um enorme comércio foi instalado ao redor e também dentro do templo. O bairro em volta é pobre e colorido. Ali está a casa onde morou Madre Tereza.

Kali é a deusa da morte e da destruição. Em um dos locais, animais, principalmente cabritos, são sacrificados. O sangue escorre pelo chão. Um jovem que nega ser guia, me guia pelo local. Filas se formam para pedir e agradecer à deusa. Sinos badalam para Kali ouvir. O guia dá duas voltas no mesmo local e repete as mesmas frases decoradas. Um grupo de moradores de rua é alimentado ao lado. Prefiro ir embora e o guia só aceita meu dinheiro longe do templo, na hipocrisia religiosa. E aceita de cara amarrada. Queria mais.


Duas ruas depois do templo, ser turista é uma atração. As pessoas param para me olhar fotografando. Um homem se aproxima e me explica o cartaz para onde a lente aponta. É um chamado para uma manifestação do partido comunista da India, que, segundo ele, é o maior do país. Explica que manifestações como essa podem ter 400 mil pessoas.

Bem menor, foi a manifestação que vi em uma das ruas do centro, numa espécie de 25 de março com Santa Ifigênia. Algumas dezenas de homens gritavam palavras de protesto (em Hindi), empunhavam bandeiras do país e um deles, com os cabelos pintados de acajur, era celebrado a cada frase. 




A polícia aguardava. Já tinham delimitado o espaço. Se avançassem dali...
Me aproximei para fotografar e logo um dos manifestantes se empolgou e esticou uma faixa na minha direção. Protestavam contra a violência policial.

Um minuto depois, outro quis saber se eu era da imprensa e quando disse que não, o tempo fechou e outros gritavam para eu parar de fotografar.
No caminho, reparei que as bicicletas rickshaws não são populares. Em seu lugar, homens carregam pessoas com suas pernas, sem ajuda de rodas ou motor. Kolkata também possui train, o bonde moderno.

2 comentários:

Paola disse...

Queria fotos dos canos ventiladores da Saint Paul...

Anônimo disse...

hahahaha, não sei se tirei fotos. Ja era noite, tava meio escuro e a igreja fechando..