sábado, 9 de fevereiro de 2013

Bodhgaya



A placa diz que foi em Bodhgaya, no século 6 AC, que Sidarta Gautama tornou-se Buda. A cidade é considerada o principal ponto de peregrinação budista do mundo.

É assim que a pequena cidade vive hoje, do turismo religioso. Monasterios budistas de vários países estão sediados na região, ao sul do estado de Bihar. O principal e maior templo em sua homenagem, o Mahabodhi, construído no século 6 e passou por uma série de reformas ao longo da história. Até os ingleses meteram a mão ali.


Contornando o Mahabodhi, um caminho de mármore branco, onde as pessoas dão voltas enquanto oram. O chão é mantido limpo. Enquanto estive lá, as pessoas não deixavam nem uma folha seca no piso. Pegavam, como se fosse um presente. Acho que talvez seja.

Ao redor do templo, um grande jardim, repleto de pequenos templos e grandes árvores. Nos espaços entre eles, mesas de madeira próximas ao solo, apoiadas por alguns tijolos. Nelas, budistas praticavam um tipo de oração misturada com exercício. Uma espécie de flexão de braços. Todas as mesas, quando deixam de ser usadas, são cobertas por uma lona, com cuidado. E cachorros, muitos. Um deles, filhote, se aninhou em minhas pernas enquanto observava, sentado, o Mahabodhi. Em alguns pontos do jardim, placas indicam locais onde Buda realizou períodos de meditação.


Por dentro, a construção é simples. Um altar com um escultura de Buda, com os cabelos azuis, os olhos brilhantes e semi cerrados e uma roupa laranja, também brilhosa. Alguns sentados no chão, rezando. A maioria passa rápido, com uma pequena prece, alguns sinais e oferendas exibidas, mas colocadas do lado de fora.

Embaixo de uma árvore, atrás do templo, diante do local onde teria ocorrido a iluminação, um velho monge conversa, microfone na mão, com um grupo. Todos sentados no chão. O papo parece ser bom, pois risadas não faltam.
Pelas ruas, monges e budistas e parentes de monges, em visita, se misturam à população, a maioria com feições indianas e nepalesas (tibetanas...).

 Mas o turismo interno é ainda maior. Ônibus não param de chegar e buscar vagas nos cantos e terrenos enlameados da cidade. O comércio é aquecido. Dezenas de barracas estão enfileiradas pela rua principal: artigos religisos, estátuas, esculturas, roupas, bolsas, cobertores, panos, almofadas para meditação, objetos para a casa, pequenos eltrodomésticos, comida, brinquedos, bijuterias, facas e até uma banca de mágicas.


No murado parque Jay Prakash, um jardim que possui mais cara de India e menos Inglaterra. Algumas roseiras estão ali, cercadas, mas a maior parte do terreno é composta por grandes e médias árvores, com bancos onde casais estão menos tímidos e mais protegidos do público e das regras. Cachorros se espreguiçam ao sol e esquilos ameaçam chegar perto e depois somem em alta velocidade.


No monasterio tibetano, moleques desatentos tinham aula com um monge. Em se incomodar, ele continuava as orações, com o auxilio de um dos meninos, que batia no tambor, vez ou outra. Eu atrapalhava mais um pouco, com os clicks da máquina. Muitas cores e desenhos sobre a história de Buda, antes e depois da iluminação. Uma estátua dourada e adornos de flor nos pilares e nas paredes. Quando sai, dois meninos andavam de bicicleta, enquanto um cachorro com a cara pintada me pedia carinho e o seu amigo, filhotão, mordia minha canela.





Em um outro templo, um grupo ganhava o almoço. Adultos, idosos e crianças sentadas no chão. Eles comem em uma espécie de folha de árvore grande e um pouco seca. A comida é farta. Qualquer um pode chegar e comer. 

Uma bagunça se forma na minha frente quando começo a fotografar umas crianças. Todas aparecem e querem aparecer ainda mais. Pulam na frente da máquina e comemoram quando se veem na tela. Também fotografo um senhor, que anota seu endereço para que eu mande as fotos. Pede meu e-mail para quando puder sentar na frente do computador, me escrever. Jovens se aproximam para tentar levar uma grana como guias. Ele os afasta e conversamos até que a fome bate e encosto num restaurante no subsolo de um prédio. Dal de espinafre, omelete e arroz. Um suco engarrafado de manga pela Coca Cola, Maaza. 

3 comentários:

Paola disse...

Nada de mulheres nisto tudo, né?

Incomoda ver o budismo assim exposto e comercializado (penso nos indígenas brasileiros...)? Ou é o sentimento do "faz parte" que impera?

Em um lugar que morei, a comida dos monges (e aprendizes) era levada por simpatizantes ou budistas aos templos. Deve ser assim na Índia também, não?

Anônimo disse...

Sim, pelo que vi e ouvi, eles vivem de doações. Mas eu suspeito que deve existir alguma grana de governos, já que existem monastérios de vários países por lá. Mas existem instituições que trabalham para conseguir grana para esses templos e monasterios.

beta disse...

A vida destes monges deve ser simplérrima. Eles moram nos monastérios, certo? Plantam? Têm os tais confortos modernos? E a pergunta da paola é boa: eles convivem bem com a exposição? Não os incomoda?