quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Puri, mas nem tanto


O trem parou em Puri às quatro e tanto da madrugada do dia 16. Na plataforma, um senhor me ofereceu os serviços de rickshaw e 5 minutos depois percebi que era uma bike rickshaw, que ainda não tinha usado na viagem, por achar meio cruel. E é. Com minhas mochilas, devo pesar mais de 115kg, certamente, apesar de já ter deixado muitos quilos pelo caminho.

 O senhor do rickshaw não devia pesar 60. Além disso, existem obstáculos no meio do caminho. Num percurso que faria a pé, com mochilas, em 20min, levamos uma meia hora e tive que pular para fora do veículo em alguns momentos para ajudá-lo a empurrar a bicicleta com minhas malas.

Tinha pesquisado dois lugares para tentar ficar. Mas de madrugada aceitei a sugestão do tio e cheguei ao Durga Lodge, um predinho verde meio fedido. Preço acertado, derrubei as malas no quarto e dormi algumas horas.

O cômodo é no térreo e grande, paredes amarelas de roda pé de azulejo. O banheiro tem luz vermelha e assento indiano. A pia é do lado de fora. Mas a torneira do lado de dentro pinga o tempo todo. Ainda há uma porta e uma janela para um corredor atrás. Janela que enquanto estava escrevendo, pulou um macaco e pegou a sacola de casca de banana que separei pras vacas. Olhou pra mim e subiu no telhado do vizinho. Macaco folgado.

O cheiro não invadia o quarto, mas batia na porta. E de manhã estava mais forte. O lodge fica em frente a um terreno com um esqueleto de um prédio. E terreno vazio na India vira lixão e banheiro. O sol levanta o odor.


A praia é bem bonita de longe e vai enfeiando na aproximação. A sujeira é a responsável. Na beirada da areia, uma vila de pescadores. Na areia, o depósito de lixo, assim, num canto grande. Mas o mar é bonito, forte, enérgico, mesmo quando está sem ondas. Menos de 100m, na água, os barcos de madeira, com as hélices apoiadas por uma longa haste de metal.


Quando estão na areia, os barcos ajudam a formar um quadro. Todos perfilados, à frente, a espuma e a mareia, atrás, os casebres de bambu e bandeiras hasteadas. De perto, cada barco estacionado serve como “casinha”. A vila usa a areia como banheiro. Crianças, de cócoras, lado a lado, conversam, enquanto os amigos jogam críquete. Adultos, homens e mulheres, lado a lado.

Quando os barcos chegam do trabalho, grupos se aglomeram ao redor. Mulheres, com suas bacias prateadas e um pano enrolado na cabeça, ficam agachadas e aguardam sua vez para pegar a mercadoria. Aos poucos, enchem as bacias com alguns peixes grandes e as colocam na cabeça. Nas ruas, vi mais mulheres do que homens, na venda do pescado. Crianças pedem canetas, chocolates ou dinheiro e jovens oferecem-se como guias.
E os pescadores oferecem...fumo.

Ótima qualidade. Você fuma e Shiva vem até você”, um disse. Alguns passos adiante, “É muito bom, da região de Kerala. Eu fumo quando estou com frio, antes de ir pra o mar. Passa na hora”, outro falou.


Nas areias de Puri, as oferendas (pujas) também ajudam a estragar o ambiente. Um córrego de água escura e fétida deságua completa o cenário. As consequências estão alguns metros adiante. Encontrei quatro tartarugas mortas. Uma delas era alimento de cachorros e corvos.




Na área de maior movimento da praia de Puri, um mercado na areia. Muitas lonas cheias de brinquedos coloridos enfeitiçando as crianças. As inúmeras barracas de comida e bijuterias. Camelos e cavalos trabalham duro na areia, carregando mães e suas crianças chorosas, enquanto o pai corre para fotografar. Famílias banham-se de roupa e fazem poses para fotos. Atrás da praia, hotéis, restaurantes e lojas estão amontoadas.

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