terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Diário: Missão Kajuraho



Kajuraho é a cidade onde estão os templos dedicados ao Kama Sutra. E para lá fui. Segui as dicas do cara que fazia as reservas de taxi no camp de Khumb Mela. E ai...

4/2/2013 – 7h40
Estou sentado em um banco de metal na estação de trem Allahabad Junction. Saí 6h20 do acampamento no Khumb Mela, de taxi. Comprei uma passagem de segunda classe e vou para Mahoba, ainda em Uttar Pradesh, sentido sul. Lá troco de trem para Kajuraho, que já fica em Madhya Pradesh. Pretendo chegar ainda hoje, no começo da noite. A luz do dia entra pelas grandes e curvelíneas janelas acima do salão, onde muitos estão sentados em bancos de metal. Esperam seus trens. Ao fundo, na avenida, uma imensa placa da Coca Cola.

4/2/2013 – 15h40
Desço em Mahoba. Está quente e a estação é cheia de moscas. A cidade parece ser pequena e humilde. Compro a passagem para Kajuraho, marcada para às 18h. Tento adquirir um jornal indiano onde aparece uma foto em que estou, para guardar de recordação. Mas não acho. Não me empolgo em fazer uma expedição no local, com mala nas costas. Não há lugar para guardar mochilas. Caminho pela estação. Já sentei em alguns bancos, fugindo das moscas. Um dos bezerros come um aviso que estava no mural. Um trem de carga sem carga cruza a estação e para por algum tempo, na plataforma 2. Deve ter quase um quilometro de vagões azuis, alguns poucos vermelhos. Começa a chover e os corvos desconfiados se agitam em uma árvore.

4/2/2013 – 17h30
O trem vai atrasar. Anoitece e ainda não sei que horas chegarei em Kajuraho. Não tenho lugar marcado para dormir por lá. Mas acho que devo chegar umas 22h.

5/2/2013 – 1h43
Após atraso de 7h30, o trem para Kajuraho chega e rápido sai. Estou em um dos primeiros vagões. Poucas pessoas estão nele. Alguns homens e uns idosos. Sento perto da porta, aberta, e de uma janela. Nas últimas horas em Mahoba, o frio apertou. Fui para dentro da sala de espera. Um trio coreano, um homem e duas mulheres aguardava trem para Varanasi. Converso com eles. Me dão dicas sobre Kajuraho e me alertam sobre os cuidados no trem. Estão um pouco assustados. A chuva ficou forte e a sala foi tomada. A luz caiu, voltou e caiu de vez. Lanternas e celulares fazem a iluminação. Um jovem indiano se exibe com músicas altas no celular. Cantarola e gesticula. Muitos esticaram cobertores no chão para dormir. Me encostei numa cadeira, com minhas mochilas. Cochilei por momentos. Cada vez que abria os olhos, mais gente. No início da madrugada, um grande grupo asiático chega e completa o espaço restante. Tiro o cobertor da mochila e logo o trem chega.

5/2/2013 – 4h20

Chego ao hotel Lotus India e, apesar do mal humor do funcionário, fecho um quarto e subo. Quem me deu a dica foi um indiano que puxou papo na estação, quando chegamos. Ele e seus amigos chamaram um rickshaw para buscá-los, pois não havia ninguém quando o trem chegou. Me ofereceram carona e paguei 60 rupias até o tal hotel. Chove forte. Decido usar o dia seguinte para organizar a viagem, caso haja energia elétrica durante o dia, pois quando chego não há. Se antes, pensava em ir ao pé do Himalaia, em Darjeeling, agora mudo os planos. Antes de Varanasi, para a segunda parte do camp (e fim da viagem), decido ir até Calcutá, do lado leste da India. Antes disso, Kajuraho e Budhgaya.
Foram 22h para andar menos de 500km.

Um comentário:

beta disse...

A Índia deve ser mesmo um país incrível para valer tantas horas sem dormir, o frio, o desconforto. Dá uma vontade danada de viajar com você.