sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Despedida de Pushkar


De manhã, preparei as mochilas, fiz o check out, deixei as malas no térreo e fui encontrar o pessoal para comprar as passagens da noite. Mas tivemos baixas. Encontrei Hassam, que me contou sobre Justine. Tinha acordado muito mal, com febre, e decidiu esperar um dia para viajar. Louise a acompanharia. Fomos até o hotel e vi que ela precisava descansar. Passagens compradas, escutamos uma música alta atrás do hotel. Era um casamento, nos disse o dono. Contou que era de seu sobrinho e que poderíamos ir.

 Com a música como guia, tentávamos achar a festa. Mas logo a música cessou. Já com a parceria de uma norte-americana de Boston (e Celtics na cabeça!), entramos em um palácio bonito e cheio de crianças. Parecia um ashram e não descobri se era mesmo. Conversamos com a familia, que nos convidou para um casamento no dia seguinte.

Já na rua, uma nova música vinha de longe, fomos ao enconto dela. Era uma banda, uma das muitas bandas da cidade. Formada por dois tocadores de tambor, um tecladista e uma fanfarra, com metais e pandeiros. No meio, um homem que empurra a carroça com amplificador. Atrás da banda, um grupo de mulheres e seus roupas coloridas, em procissão. Quatro delas, com vasos ou jarras, sob suas cabeças. Não dançam, só caminham atrás da banda.

A norte-americana seguiu para outro lado. Eu e Hassam fomos atrás do trio elétrico. No meio do caminho, descobrimos que é uma época de casamentos, por isso tantas bandas, tanta música.  Chegamos a um templo. O grupo entrou e fomos convidados a entrar também.  Ao lado do templo, um pátio interno. Ao redor, dezenas de cômodos. Um homem, que parecia ser do lugar, nos convidou a subir até o terraço acima do pátio. Ali, alguns tapetes formados por pétalas de flores secavam ao sol. Abaixo, quatro meninas dançavam ao som da banda. Acompanhamos o ritual. Enquanto isso, Hassam e o anfitrião conversavam sobre os rituais de casamento em seus países e religiões: muçulmana e hindu.

Ao fim das danças, nos despedimos e voltamos para o centro da cidade. A fome já apertava. Paramos em frente ao restaurante tibetano, que já havia observado dias antes. Sentamos em bancos em uma pequena mesa, com um japonês e um suiço. Tagarela, o suiço dominou o assunto. Falou sobre suas viagens pela Asia, sua vida na Suiça, a crise mundial, o fim da comunidade europeia, culinária indiana, vegetarianismo, vinhos, erva e muito mais. Tomei um gyathuk, uma sopa de verduras com uma pequena massa cheia de verduras por dentro. Sensacional. Com copos de chai, conversamos por mais algum tempo e caminhamos até o Sarovar.

No lago, vimos um grupo de Taiwaneses passarem pelo mesmo que eu, no primeiro dia, ao escutarem a  ladainha do “Holy man. Depois vieram perguntar a nós se era normal. Pascal, o suiço tagarela, tomou as rédeas e deu um monte de dicas de como escapar das situações.

Eram 17h e os tambores iam começar. Hassam pediu para tocar também. Conheci Poly, uma israelense, que todos os dias tocava em frente ao lago.  Um cara com estilo hippie inglês, já coroa, era o responsável pelo digeridoo e chocalhos. Uma mulher de traços orientais e roupa indiana toda vermelha, tocava um instrumento formado por quatro placas pequenas de madeira, duas em cada mão. Um indiano era o responsável por explicar o ritmo e fazia o trabalho solo, enquanto os aprendizes se esforçavam na base. No final das contas, o som é bonito e forte.

Fui caminhar, dar uma última olhada em Pushkar, que tanto gostei. Ficaria ali um mês, mais.


No começo da noite, reencontrei Hassam, Pascal e Poly. O suiço nos levou a um pequeno restaurante. Honey and deal, que diz ser o primeiro de Pushkar. Comi uma Veg Pie, com muita batata, paneer (queijo indiano), especiarias, tomate e berinjela, acho. Tudo com chiapati, o pão indiano e chai.
No lugar, também conhecemos Federico, um italiano de Milão, mas nascido em Brescia e torcedor da Juventus. Vai entender? Ele também ia para Jaisalmer, no mesmo ônibus que nós. Era hora de ir. Nos despedimos de Pascal e cada um foi para seu hotel pegar as malas.

21h estávamos os três na frente de uma pequena banca de doces. Era ali o terminal para quem ia de Pushkar a Jaisalmer. Ainda faltava meia hora para o ônibus passar e um rickshaw para em nossa frente. Era Karina, Yacinth e Martin, que vieram se despedir. Achei demais.

Trocamos contatos e os franceses contaram ansiosos da aventura que ia começar na manhã seguinte. Viagem de duas semanas em cima de camelos até Jaisalmer. Eles também escrevem um blog  (Endereço).
O ônibus chegou. Me despedi e rumei ao deserto indiano.

 Eu, Hassam e Federico ríamos da situação, enquanto fotografavamos as instalações. O sleeping bus era formado por cabines, do lado direito, acima e embaixo. Do lado esquerdo, cadeiras abaixo, cabines acima.Quando a graça acabou, o frio tomou conta e foi assim até Jaisalmer.




2 comentários:

beta disse...

Incrível. Mas vc esqueceu de colocar o endereço do blog dos gringos. Esta sua viagem está demais da conta! Belas fotos!

Paola disse...

Demais. Demais!