sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Fotografias de crianças em Pushkar


Esfregava as mãos pelo frio da manhã. Era um pouco mais de 9h e caminhava na rua principal. As lojas já abertas. Domingo e a cidade recebia ainda mais gente. Esquentando as mãos, imprimi um ritmo, ajudado pela respiração e enquanto saía da área central de Pushkar, observava o Templo de Savitri, em cima do morro. Era pra lá que ia.

Rua de terra e em menos de 20 minutos, estava no pé do morro. Comprei um saco de cereais, como oferenda. E garanti ao garoto da venda, uma carroça com tenda ao lado da estrada, que voltaria para um chai. Antes da metade do caminho, já esfregava as mãos apenas parea manter o ritmo.


ensei em só olhar para trás quando chegasse. Mas logo parei um ponto de observação onde um esquilo de cauda listrada dava boas vindas. Fotografei todos os laos e vi que Pushkar está em um vale. Do lado esquerdo, a vegetação que parece o cerrado brasileiro, amarela, com árvores mais baixas e arbustos. Do outro, pequenos propriedades rurais, com cultivos de cores diversas. Desse lado também vi que há um sistema de canais, provavlemente para a época de monções.

No topo do morro, o templo de Savitri é simples, como quase todas as construções na India. Mas silencioso, como não é em quease toda India.

Um casal alemão, de Hamburgo, que depois troquei algumas ideias, parecia meditar no sol, cada um no seu canto. Um trio feminino fazia preces dentro do templo, enquanto eu fotografava sem parar.
Macacos apareceram na minha frente. Não sei a espécie, mas diferentes dos de Jaipur. Pelos claros e a cara preta. Não ligam para os chamados, ao não ser que você tenha algo suculento nas mãos. Ao perceber que ali não iam se alimentar, subiram ao topo da construção e cada um em uma ponta, aproveitavam o sol. Têm um ar sério e sábio.

Na descida, continuei as fotos, mas rapidamente chegava à barraca de chai, onde havia comprado as oferendas. Dois moleques tomavam conta. Ainda olhavam a irmã mais nova. Aproveitei a falta de troco e meu cansaço e pedi três chais. Vi e gravei a preparação da bebida, feita por um deles. O outro corria em direção a uma pipa que teve a linha cortada. Na India, pipa ainda é febre entre as crianças. Um deles me disse ter 16 delas, só das que caem do céu. Tirei algumas fotos enquanto brincava também. Como havia acontecido constantamente em Jaipur, fui abordado para posar para fotos com turistas indianos.


Voltei para a cidade e já do outro lado dela, encontrei Karina, a argentina que conheci junto com o casal francês no ônibus para Pushkar. Fomos visitar um templo Sikh. Para entrar, cobrimos as nossas cabeças e tiramos os tênis. Paredes e colunas de mármore branco. Portas de madeira com desenhos florais em alto relevo. O teto em mosaico colorido. E lá no fim do corredor, um sikh, com seu turbante laranja, observando a movimentação dos visitantes. No retorno ao centro, me atentei às lojas de  objetos de couro. Muitas bolsas, malas e mochilas, parecidas com a que meu pai me trouxe de Caruaru uma vez. Karina me disse sobre o hostel em que estavam. Milk Man. Como resolvi ficar mais um dia na cidade, decidi me mudar para lá na manhã seguinte. O solitário Chacha's Garden era azul   e entediante demais. Passamos no local e conheci a dona.  Perguntei se havia camas vagas. Ela confirmou. Agradeci e afirmei que retornava no dia seguinte. Voltamos para as ruelas de Pushkar.


Já estava há alguns dias sem entrar na internet. Me despedi de Karina e fui para uma Lan House na rua principal. Uma hora depois, caminhei até o lago. Sentei-me perto de um jovem casal loiro. Atrás de mim, no terraço de uma casa, começava a música de tambores, que todo os dias, 17h, preenche o pôr do sol no Sarovar. Me estiquei no sol e fotografei algumas cenas, inclusive a do loiro casal sendo importunado por um jovem boi curioso.

 Enquanto escutava os tambores e observava um ganso bravo e sozinho, uma legião de crianças parou na minha frente. Conversamos e dei todas as informações que me pediram. Então prepararam-se para as fotos. Enquanto isso, outra parte da familia pedia fotografias à dupla ao meu lado.  As mães das crianças também chegaram e posaram para mim. Antes de ir, um jovem ainda me pediu o óculos de presente. Disse que era presente. Ele não mexeu a cabeça, como os indianos fazem quando estão contrariados. Se despediram e terminei meu pôr do sol em silêncio. O tempo esfriava e meus pés seguiam quentes, pela pedra que guardava calor do sol.

Nenhum comentário: