sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Dia de caminhada


Cedo, coloquei Jorge Ben na vitrola e organizei as mochilas. No cabide no centro do quarto azul, pendurei algumas roupas que deixaria pelo caminho.   Tomei banho e fechei a conta no Chacha's. Sai pelo portão à esquerda e desci a ruela, entre entulhos, canaletas de água suja. Em sete minutos aproximadamente, estava no Milk Man. Coloquei as mochilas na sala de estar. Muitos tomavam café da manhã. Reencontrei Karina e o casal francês Yacinth e Martin. Pedi um chai e comia as bananas que havia comprado na noite anterior. No papo, também conheci uma londrina, que ficou impressionada pro eu conhecer seu bairro, Wansted, na zona quatro e nordeste da capital inglesa.

Era hora de ver a cama onde ia dormir. Na saída da sala de estar, tomei uma bronca por comer o que não comprei ali. A cama ficava no último andar do colorido Milk Man. Na sala com janelas por todos os lados, cerca de sete ou oito camas e mais dois quartos, que eram ocupados por um suiço  e um francês. O Suiço trabalha quatro meses do ano em Genebra e o resto do ano vive na Tailândia, viajando ao redor. “Não fico onde é frio”, me disse.

Escolhi a cama 121. Só uma era ocupada. Joguei as malas no baú embaixo da cama e fui para a rua. A meta era a área rural de Pushkar, que tinha visto de cima, no templo de Savitri. Fui em direção à saída da cidade. Após o templo Sikh reencontrei o turco do primeiro dia, Hassam. Estava alugando uma mobilete e ia, com duas garotas, Justine e Louise, para o templo de Aloo Baba, ou potato baba. Um homem que vive num templo nas montanhas e que passou os últimos 15 anos se alimentando apenas de batatas. Conversei com o trio, que tentou me convencer a ir. Hassam ia pela segunda vez já. Não fui e me arrependi. Marcamos um papo para mais tarde.

Ainda sem me arrepender, continuei o caminho, atravessei uma ponte e logo estava entre pequenas propriedades e plantações. Também vi duas escolas com alunos vestidos de azul e marrom. Camelos faziam o trabalho das vacas, no arado e no transporte de terra e outras coisas. Em um dos sítios, um casal trabalhava com trilha sonora, que era emitida de um pequeno barraco, no meio das ervas.


Cheguei nos fundos de uma escola, onde a criançada me observava desconfiada. A estrada continuava, sem fim, entre duas montanhas. Ao longe, dois casebres. De um deles, veio correndo e se balançando toda, uma cadela amarela. Ficamos de chamego, fiz algumas fotos e nos despedimos, ela com um latido choroso.
Já na cidade, almocei na banca de falafel que já era freguês.  O fim da tarde começava a chegar e caminhando encontrei Karina novamente. Já não queria mais ir para Johdpur. O destino deveria ser Udaipur, mais longe, mas menor e, segundo apuração, mas bonita e interessante.  Enquanto Karina procurava informações sobre trens para Delhi e Allahabad, me informava sobre ônibus para Udaipur, que saía no outro dia pela manhã, 7h.


A noite caiu e fui encontrar o trio que tinha ido ao Potato Baba. Encontrei Justine e Hassam no hotel deles. Andamos até um ghat no Sarovar e sentamos para conversar. Ainda empolgados com a visita da tarde, me contaram sobre Alo Baba. Mostraram fotos e lembraram de cenas. Era um brasileiro, uma canadense e um turco e logo a conversa desenrolou e o tempo passou. O frio apertou, junto com a fome.

 Disse que ia comer e eles me acompanharam ao Falafel. Encontramos Louise, que é sueca, no caminho e ela se juntou a nós. Enquanto devorava minha janta, cada um discutia o próximo destino. Hassam iria para Jaisalmer e tentava convencer a todos de ir com ele. As meninas pensavam no deserto também, mas sem confiança. Eu pensava em Udaipur.  No fim, num brinde de Chai com Falafel, batemos o martelo. Todo mundo para Jaisalmer. “Faremos uma festa no ônibus”, alguém disse. Fui para o Milk Man e dormi.

Um comentário:

Paola disse...

as roupas deixadas são brasileiras/inglesas e substituídas por roupas locais?