domingo, 20 de janeiro de 2013

Jaipur de buzinas e macacos


Uma hora de estrada e cheguei ao aeroporto de Dabolim, no norte de Goa. Queria ter ficado mais em Palolem. Assim como outras estações de transporte na India, o aeroporto também também tem sua parte caótica. Todo pintado de rosa, o Dabolim passa por uma ampliação gigantesca. Havia um atraso de quase duas horas. Circulei e entrei no portão 2. O voo até Mumbai passou rápido com um livro na mão. O único momento em que coloquei a cara na janela foi para ver a saída de Goa. A baía, o litoral, os navios, as encostas à beira do mar arábico. O aeroporto bem na beira do mar.

Em Mumbai, jogo rápido. Desci, comi algo após passar pelo raio x e fui para o outro avião. Daí comecei a reparar nas pessoas que iam comigo para Jaipur. Tinham quatro brasileiros, dois casais, cariocas, acho. Muitos europeus, claro. Menos grupos, mais pessoas sozinhas, ou casais. Não tão jovens, como em Goa.
Indo para o hotel não enxerguei nada do que tinha lido sobre Jaipur, A Cidade da Vitória. Nada de palácios, torres, minaretes, fortes e templos.

 Estava em New City, era isso. E ela é feia como as novas cidades, ainda mais embagulhada pela sujeira dominante. Longas avenidas, milhões de carros, trânsito caótico e o barulho permanente das buzinas. Impossível não usar buzina no trânsito indiano. Já tinha visto Mumbai, agora Jaipur, a capital do Rajastão.
O Vaishnavi Hotel fica em Bani Park, um bairro atrás da estação ferroviária. Um prédio com estilo indiano, com varandas de arquiteturas circulares e luzes de várias cores. Dentro, desenhos de deuses hindus e mais cores. No terraço, um restaurante de menu quase todo vegetariano. Quase.

O quarto que havia pedido era sem banheiro. Iria dividi-lo com outros hóspedes. Mas me deram uma suíte, que ao mesmo tempo, podia ser divida, em partes, com outras pessoas. Isso porque a parede do banheiro não subia até o teto. Uma grade separava o meu de outro banheiro. Se não dividia a pia, privada e chuveiro, compartilhamos cantorias, barulhos e cheiros nas três noites em que fiquei lá.

Saí do hotel no dia seguinte com o objetivo de ver a Pink City, parte antiga da cidade, que possui os principais pontos turísticos. Me preparei para a negociação com o pessoal do rickshaw. Feito. Por 300 rupias, me levariam em 4 ou 5 locais, me esperariam entrar, ver e sair e me deixariam na frente do hotel. Mas em Jaipur  em toda India, você deve estar preparado para negociar e tudo mais. Eu não estava (não estou).

Para começar, me levaram em um lugar que não havíamos combinado. Fomos ao templo dos Macacos, em uma das saídas da cidade. Adentramos em um portal vermelho e uma ladeira à frente. Porcos, vacas, cabras, cachorros e macacos dividiam o mesmo espaço. Logo um jovem se aproximou e fomos conversando ladeira acima. Era guia quando estava de férias. Aos 16 anos, quer entrar na faculdade para então, tornar-se um guia melhor.

Os macacos estavam preguiçosos, ainda bem. O garoro me disse que na semana anterior, um inglês havia sido mordido. “Eles acabaram de comer, então agora só querem sol”, disse. Mesmo assim, quando ele fingia oferecer algo e mostrava a mão vazia, os símios mostravam os dentes e resmungavam. “Eles ficam agressivos”, brincou. Eu nem achei graça.


No alto, perto do templo, fiz algumas fotos, dei a contribuição e caminhei de volta. No percurso até a Pink City, pude ver mais da cidade. Suas bancas de frutas, verduras e cereais. Algumas montadas em algo como carroças, na beira das ruas, deixam a cidade, que lá do alto tem um tom azulado, mais colorida. Foi em Jaipur que vi as cenas típicas da India. Em meio ao asfalto e carros novos e velhos, vacas, camelos e elefantes. Os dois últimos, como meios de transporte. Os elefantes pintados com tintas vibrantes. Símbolos de boa sorte ornavam suas cabeças e barrigas.

Conheci o Jantar Mantar, que é um observatório antigo, século 18 e 19. Grandes construções de instrumentos para fazer medições astronômicas. O City Palace fica no centro da velha Jaipur. Dentro, a histórias dos marajás, seus feitos, suas conquistas e riquezas. Aé uma parte dedicada aos esportes que praticavam: o críquete e principalmente, o polo.


Ainda passei pelo Hawa Mahal, o famoso palácio vermelho, que no fim das contas, achei médio.
O horário para novas visitas já estava encerrado, mas o motorista ainda tinha a última carta no baralho, pra ele. Me levar às compras.

Lá fui eu para uma loja de tecidos. Não sei dizer não, muito menos em hindi. Tudo muito bonito, todos muito educados. Tomei chai e conversei durante uma hora com o vendedor, que usou todas as formas para ganhar um cliente, desde falar da família, até assemelhar minha cara a de um ator indiano de filmes de ação. “Quando vi você, me lembrei dele.”

Saí de lá sem uns tostões, mas acho que o trocado do motorista não deve ter sido alto. Vi a cara feia do dono da loja quando me despedia da turma.

 Fechei com um Gatta Masala, prato típico do Rajastão, no restaurante do topo do hotel. Escutando a chuva, a primeira desde a chegada na India.

3 comentários:

beta disse...

Esta cidade deve ser interessante. Gostaria de conhecê-la. Seu post já dá uma ideia do que encontrarei quando for.

Paola disse...

Queria fotos...dos elefantes coloridos, camelos, carros, caos, tudo misturado....e impressões da parte por trás das cores e do caos, tá?

Paola disse...

Queria fotos...dos elefantes coloridos, camelos, carros, caos, tudo misturado....e impressões da parte por trás das cores e do caos, tá?